Economia

IGP-DI teve influência de alta do dólar e de commodities

A taxa do IGP-DI em abril foi a maior desde novembro de 2010, quando tinha atingido 1,58%

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2012 às 15h02.

Rio - A alta de 1,02% da inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ainda teve forte impacto da soja, mas também de produtos no atacado, que começam a refletir o repasse da alta do dólar ante o real, e do aumento de algumas commodities. A taxa do IGP-DI em abril foi a maior desde novembro de 2010, quando tinha atingido 1,58%.

"Ainda é um resultado dominado pelos efeitos da soja, mas já não tanto quanto na última leitura", disse Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas do Ibre/FGV. "O IGP de agora quase dobrou e, nessa duplicação, a soja ainda teve efeito, mas não é tão concentrado assim. Tem também a alta de produtos químicos, tem um pouco de efeito de câmbio (alta do dólar) na celulose e no minério de ferro."

A FGV calculou que o dólar, após uma queda de 4% em fevereiro, teve alta de 4,48% em março e de 3,32% em abril. Segundo Quadros, há uma percepção de que o câmbio não voltará ao patamar de fevereiro. Por isso começou a haver repasses para os produtos.

"O câmbio não vai voltar para R$ 1,70, pelo menos no curto prazo. O discurso do governo é forte, as ações são fortes. Então, há a interpretação de que houve uma mudança no patamar, de que tem alguma coisa aqui de permanente. Toda vez que há a percepção de que o câmbio é mais duradouro, de que a mudança é mais permanente, alguma coisa disso é repassado para os preços", explicou Quadros.

A análise é de que o câmbio saiu da neutralidade para fazer uma pressão positiva sobre os preços do atacado. "Não é o fator mais relevante, mas pode estar presente, sobretudo nessa área de insumos industriais, de celulose e produtos químicos", lembrou o economista do Ibre/FGV.

Os preços no atacado foram os grandes responsáveis pela alta no IGP-DI em abril. O IPA-DI, que aumentou de 0,55% em março para 1,25% em abril, teve grande influência dos materiais e componentes para manufatura, responsáveis por metade dessa aceleração (0,48 ponto porcentual). Entre os principais impactos estão o alumínio, que saiu de -4,21% em março para 7,82% em abril; celulose, de -1,56% para 4,50%; farelo de soja, de 5,58% para 11,58%; ferro e ligas, de -2,50% para 7,28%; intermediários para Resinas e fibras, de 0,30% para 4,04%; polietileno de alta densidade, de 2,22% para 5,42%; PVC, de 1,84% para 2,83%; produtos químicos orgânicos, de 2,03% para 5,01%; e zinco, de -2,57% para 13,35%.

"O aumento de ferro e liga e de celulose tem tanto efeito do câmbio, com também de empresas que estão aumentando o preço em dólar", apontou Quadros. "O Índice de commodities realmente está dando uma viradinha nesse início do ano. Então eu associo essa virada no IGP a esse movimento das commodities. O IGP tem muita influência das commodities", finalizou.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEstatísticasFGV - Fundação Getúlio VargasIGP-DIIndicadores econômicosInflação

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor