IBGE: Queda de renda familiar amplia desigualdade racial no Brasil
Em 2020, negros ganhavam em média 48,0% menos que brancos; em 2021 lacuna se ampliou para 49,4%
Agência O Globo
Publicado em 11 de novembro de 2022 às 12h39.
A segunda edição do estudo "Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil", feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) , mostra que a queda na renda familiar dos brasileiros verificada desde 2019 está ocorrendo acompanhada de um aumento na disparidade entre negros e brancos.
Em 2020, negros ganhavam em média 48,0% menos que brancos; em 2021 lacuna se ampliou para 49,4%. Entre os que se identificavam como pardos, a disparidade também se ampliou no mesmo de 46,8% para 48,3%.
A taxa de desigualdade por renda da população ocupada não diminuiu no estudo, o que sugere que o desemprego tem sido um fator importante para explicar a ampliação da lacuna na renda familiar de negros e brancos. Em 2021, os negros e pardos representavam 56,2% das pessoas na força de trabalhamo, mas entre os desocupados eram 64,8%.
Na última década, a disparidade na renda familiar dos negros permaneceu essencialmente a mesma, com esses ganhando cerca de metade dos brancos. Em 2021, porém, pela primeira vez na série histórica ocorreu uma sequência de agravamento no indicador pelo quarto ano seguido.
O estudo do IBGE foi feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, que foi agregada a outros estudos de indicadores sociais, como educação e vulnerabilidade à violência.
Entre as pessoas identificadas como brancas, 27,7% declararamnão ter instrução ou ensino fundamental completo. Entre os negros e pardos as taxas foram de 36,5% e 38,7%, respectivamente. A desigualdade racial se manifestou em todos os níveis de escolaridade.
"O rendimento do trabalho das pessoas brancas foi, em média, 69% acima das pretas ou pardas", dizem os pesquisadores. "O recorte por nível de instrução e hora trabalhada reforça a percepção da desigualdade, pois pretos e pardos receberam menos em todos os níveis, sendo que no mais elevado (entre pessoas com superior completo) tal diferencial alcançou 41%.
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