Copa e consumo menor afetam setor de serviços, diz IBGE
Nesta terça, o IBGE anunciou que receita nominal da atividade de serviços subiu 4,6% em julho ante igual mês de 2013, menor crescimento da série histórica
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 às 17h10.
Rio - A desaceleração do consumo das famílias, o menor dinamismo do comércio e da indústria e uma fatia final do efeito Copa do Mundo explicam o resultado fraco do setor de serviços em julho, afirmou Juliana Paiva Vasconcellos, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nesta terça-feira, 16, o órgão anunciou que a receita nominal da atividade de serviços subiu 4,6% em julho ante igual mês de 2013, o menor crescimento de toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2012. O resultado não desconta o efeito da alta de preços.
"Os serviços são reflexo principalmente da demanda empresarial e são dependentes da indústria e do comércio, que vêm mostrando menor dinamismo nos últimos meses. A atividade de serviços sentiu maior impacto da conjuntura mais desfavorável", explicou Juliana.
De acordo com a gerente do IBGE, o rescaldo dos feriados durante a Copa do Mundo também contribuiu para travar a atividade durante o mês de julho.
"O setor de transporte aéreo foi um dos mais afetados, com a queda do turismo de negócios. Os empresários ficaram esperando a Copa acabar para retomar o ritmo", disse Juliana.
Outro segmento prejudicado, segundo ela, foi o de tecnologias audiovisuais, que havia tido um junho excepcional diante das receitas de transmissões de jogos e publicidade.
Os serviços prestados às famílias, único setor que não é dependente da demanda empresarial, tem pouco peso no indicador geral.
Mas o resultado de julho sinalizou forte desaceleração no consumo. A alta da receita nominal foi de 5,4% em julho, após ter subido 11,1% em junho, sempre em relação a igual mês do ano passado.
Além da Copa do Mundo, que prejudicou o movimento em alguns estabelecimentos, a gerente do IBGE ressaltou que o desempenho corrobora a tendência de menor ritmo de consumo das famílias.
"Se alguém está com dívidas, menor acesso a crédito e renda crescendo menos, é natural que segure os gastos com restaurantes, por exemplo, entre outros serviços", observou Juliana.
Segundo ela, o desaquecimento da economia também pesa na hora de decidir o que consumir. "As famílias podem demorar para sentir esse efeito (da economia), mas no mês de julho parece que sentiram bastante", acrescentou.
Em 12 meses, a taxa de expansão da receita de serviços deixou pela primeira vez a casa dos 8% e acumulou, até julho, alta de 7,6%.
A desaceleração ficou mais acentuada a partir de março deste ano. "Agora, temos de aguardar para ver o que vai acontecer nos próximos meses", avaliou Juliana.