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Homem branco com ensino médio privado e superior público lidera salários

Salário médio desse perfil chega a ser o dobro em relação ao de uma mulher negra com a mesma trajetória educacional e com a mesma profissão

Pedestres caminham pela Estação Central do Rio de Janeiro, Brasil, na sexta-feira, 4 de setembro de 2020. (Dado Galdieri / Bloomberg/Getty Images)

Ligia Tuon

Publicado em 15 de setembro de 2020 às 18h38.

Última atualização em 15 de setembro de 2020 às 21h31.

Estudantes de ensino médio particular com ensino superior público têm mais chance de ter salários melhores no Brasil. Mas essa combinação funciona melhor para homens brancos. Na outra ponta, quem menos se beneficia dessa trajetória são mulheres negras, como mostra estudo do Insper divulgado nesta terça-feira.

A diferença entre o salário de um homem branco e o de uma mulher negra que cursaram as mesmas escolas e estão na mesma profissão é gritante, como mostra o quadro abaixo. Enquanto o primeiro ganha, em média, 10.000 reais, a segunda ganha a metade: 5.000 reais.

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Em segundo lugar com os maiores salários, vêm homens negros que cursaram ensino médio particular e superior público, seguidos de homens brancos que fizeram sua trajetória educacional apenas no setor privado.

Mulheres brancas com a combinação ensino médio privado e superior público vêm em terceiro lugar. Logo abaixo, em quarto, vêm homens brancos com toda a trajetória educacional no setor público.

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Legenda

Essa diferença pode ser explicada pela histórica discriminação de gênero e de raça que ainda se reflete em diferenças salariais no país, dizem os economistas responsáveis pela pesquisa: Beatriz Caroline Ribeiro, Bruno Kawaoka Komatsu e Naercio Menezes-Filho.

"Uma primeira barreira vem do âmbito social e das heranças históricas. O passado escravagista e patriarcal do país ainda deixa marcas e elas se refletem em tratamentos diferenciados para determinados grupos", dizem os especialistas.

O estudo mostra ainda que estar em uma região metropolitana aumenta o salário médio em torno de 20%. Além disso, apesar de o salário aumentar com a idade, esse avanço vai somente até certa faixa etária.

O estudo usou dados dos suplementos educacionais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua anual, de 2016 a 2018, que trazem informação sobre educação em escolas públicas e privadas.

O levantamento foi possível, porque, a partir de 2016, a divulgação anual da Pnad Contínua passou a conter uma parte suplementar sobre o tipo de educação dos entrevistados. Isso permitiu aos economistas entender, de maneira simplificada, como vivem as pessoas que estudaram em escolas públicas ou privadas.

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