Economia

Guerra sem fim? China e EUA fazem nova rodada de negociações

Com a economia global no ritmo mais lento em uma década, as duas potências não dão sinais de melhora no embate comercial que irá completar 20 meses

Estados Unidos e China: países fecharam acordo parcial e podem definir trégua na guerra comercial (Hyungwon Kang/Reuters)

Estados Unidos e China: países fecharam acordo parcial e podem definir trégua na guerra comercial (Hyungwon Kang/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2019 às 06h28.

Última atualização em 10 de outubro de 2019 às 06h51.

São Paulo — Quase 20 meses já se passaram desde que os Estados Unidos decidiram impor as primeiras tarifas sobre 50 bilhões de dólares em produtos chineses, dando início a uma guerra comercial. De lá para cá, dezenas de rodadas de negociações foram realizadas, levando as bolsas e o câmbio para lá e para cá.

Após novas sanções recebidas no início da semana, nesta quinta-feira 10 o vice-primeiro-ministro chinês Liu He encontrará o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em Washington. 

Antes do encontro desta quinta-feira, negociadores já haviam se reunido no início da semana para preparar terreno. As pré-negociações não só não surtiram efeito como também fizeram com que a China passasse a enxergar a nova rodada de negociações com pessimismo.

O diário chinês South China Morning Post adiantou que o país reduziu suas expectativas sobre a reunião e que sua delegação pode retornar mais cedo para Pequim — possibilidade depois desmentida.

O anúncio veio logo depois que os Estados Unidos decidiram impor novos embargos ao país asiático poucos dias antes da chegada de Liu He. A gestão de Trump ampliou a lista de sanções comerciais e incluiu 28 novas entidades chinesas, incluindo algumas das maiores startups de inteligência artificial do país. A justificativa americana é o tratamento dispensado pelo governo chinês a minorias muçulmanas na região de Xinjiang, território autônomo formado de minorias étnicas. Claro que Trump não está preocupado com as minorias chinesas, mas qualquer pretexto é válido para os negociadores americanos. 

A decisão norte-americana visa 20 agências de segurança pública chinesas e oito empresas, incluindo a companhia de vigilância com vídeo Hikvision e as líderes da tecnologia de reconhecimento facial SenseTime Group e Megvii Technology.

A SenseTime, avaliada em cerca de 4,5 bilhões de dólares em um evento de arrecadação de maio de 2018, é um dos unicórnios de inteligência artificial mais valiosos do planeta. A Megvii, que tem apoio da gigante de comércio virtual Alibaba, está avaliada em cerca de 4 bilhões de dólares. Ambas estão proibidas de comprar produtos norte-americanos. 

Para o mundo, o produto do interminável conflito bate à porta. Em pronunciamento, Kristalina Georgieva, nova chefe do Fundo Monetário Internacional, disse que as tensões comerciais estão prejudicando a economia global, que crescerá em seu ritmo mais lento em uma década. “Em 2019, esperamos um crescimento mais lento em quase 90% do mundo. A economia global está em desaceleração sincronizada”. O encontro de hoje é o décimo terceiro entre os dois países. A maior dúvida, agora, é quando vem o décimo quarto. 

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)Exame Hoje

Mais de Economia

Mais energia nuclear para garantir a transição energética

Boletim Focus: mercado reduz para 4,63% expectativa de inflação para 2024

Lula se reúne hoje com Haddad para receber redação final do pacote de corte de gastos

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração