China e EUA: guerra comercial afeta empresas de ambos países (Rawf8/Getty Images)
EFE
Publicado em 22 de maio de 2019 às 06h50.
Xangai - Mais de sete em cada dez empresas dos Estados Unidos na China (74,9%) estão sendo afetadas negativamente pela guerra comercial entre os dois países, de acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira pela Câmara de Comércio americana no gigante asiático.
"O impacto negativo das tarifas é claro e prejudica a competitividade das empresas americanas na China", aponta o relatório divulgado hoje com as conclusões da pesquisa feita pela AmCham China e pela AmCham Xangai para suas empresas associadas.
A pesquisa foi realizada entre os dias 16 e 20 deste mês e nela participaram 250 empresas. Delas, 61,6% estão relacionadas com a manufatura, 25,5% com serviços, 3,8% com a venda no varejo e distribuição, e 9,6% com outras indústrias.
O impacto foi maior para os fabricantes, com 81,5% afetados pelas tarifas americanas e 85,2% pelas tarifas chinesas.
Com o avanço das negociações com a China, no dia 25 de fevereiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, adiou a imposição de tarifas contra produtos chineses no valor de US$ 200 bilhões que entrariam em vigor no dia 2 de março, mas, finalmente no último dia 10, confirmou o aumento tarifário de 10% a 25% para as importações chinesas de mais de 5 mil produtos.
Portanto, a pesquisa foi realizada após a escalada das tensões desencadeadas por Trump, que por sua vez provocou uma reação das autoridades chinesas com novas tarifas.
O impacto dos impostos é sentida através da redução da demanda por produtos (52,1%), os custos de produção mais elevados (42,4%) e preços de venda mais elevados de produtos (38,2%).
Para lidar com o impacto das tarifas, afirma a pesquisa, as empresas estão adotando medidas como o atraso ou cancelamento de decisões de investimento (33,2%) ou a adoção de uma estratégia "Na China, para a China" (35,3%), que procura estabelecer a fabricação e o fornecimento dentro do país asiático para servir principalmente ao mercado chinês.
"Essa estratégia é uma opção racional para muitas empresas se isolarem dos efeitos das tarifas e manterem sua capacidade de buscar oportunidades no mercado interno", aponta o relatório.
Apesar de mais da metade dos entrevistados (53,1%) não ter visto nenhum aumento nas medidas de retaliação não-tarifárias pelo governo chinês, aproximadamente um em cada cinco experimentou um aumento nas inspeções (20,1%) e o trabalho de alfândegas mais lento (19,7%).
Também sentiram uma aprovação mais lenta para licenças ou outros pedidos (14,2%), bem como complicações decorrentes de maior supervisão burocrática ou controle regulatório (14,2%).
Por outro lado, 40,7% dos entrevistados estão considerando mudar ou transferir suas instalações de produção para fora da China, com o Sudeste Asiático (24,7%) e México (10,5%) como os principais destinos.
Menos de 6% dos entrevistados disseram que têm ou estão planejando mudar a fabricação nos Estados Unidos.
Sobre esta questão, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lu Kang, disse hoje que Pequim "continua comprometido em fornecer um ambiente justo, transparente e indiscriminado para todas as empresas".
Sobre as possíveis resoluções do conflito, 42,7% dos membros apoiam "um retorno ao status quo", que "mostra que os membros querem um acordo comercial" entre os dois países.