Guido Mantega: "poderemos no momento oportuno voltar com a Cide. Para mim, é um grande sacrifício tirar a Cide" (Peter Foley/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2013 às 12h03.
São Paulo - O governo pode voltar a cobrar a Cide sobre os combustíveis para melhorar suas receitas mas, no contexto atual, a prioridade é a inflação, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta segunda-feira.
"Poderemos no momento oportuno voltar com a Cide. Para mim, é um grande sacrifício tirar a Cide", disse Mantega, informando que a receita gerada pelo tributo é superior a 10 bilhões de reais.
"Se eu fizer uma pesquisa, acho que inflação será prioridade máxima. Ninguém quer deixar a inflação voltar", acrescentou o ministro, ao participar da evento em São Paulo.
Na noite de sexta-feira, a estatal Petrobras, ma qual Mantega é presidente do conselho de Administração, anunciou reajuste de 4 por cento no preço da gasolina nas refinarias e de 8 por cento no diesel.
Atualmente, a alíquoda da Contribuição de Intervenção sobre no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis está zerada e, em outros momentos, ela foi usada para segurar o repasse do aumento de preços para o consumidor final.
Para Mantega, a inflação deve ficar mais acomodada nos próximos anos e projetou que, nos próximos dez anos, ela pode ter média de 4 por cento, mas que dependerá da evolução do investimento e da produtividade.
"A acho que temos condições de recolocar a Cide. Não agora, evidentemente, mas a inflação dá sinais de ficar mais bem comportada. Vamos ver no próximo ano e, quando conseguirmos reconstituir a Cide, ficaremos todos felizes", afirmou Mantega.
Para Mantega, a economia brasileira tem condições de registrar média de crescimento de 4 por cento entre 2013 e 2022 e afirmou que há projeções de que o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre --e que será divulgado nesta terça-feira-- cresceu 2,5 por cento sobre igual período de 2012.
O ministro fez essas avaliações mais positivas sobre o ritmo de atividade do país considerando que as economias dos Estados Unidos e da Europa mostram sinais mais claros de recuperação.
Primário "sólido"
Mantega disse ainda que deve-se esperar para os próximos anos superávit primário "sólido", sem citar metas específicas, preferindo dizer que os superávits tendem a ser aqueles suficientes para manter em queda a relação dívida pública frente ao PIB.
O desempenho da política fiscal e o baixo crescimento da economia são uma das principais fontes de crítica dos agentes econômicos ao governo da presidente Dilma Rousseff.
Em 12 meses encerrados em outubro, o setor público consolidado (governo central, Estados e municípios e estatais) fez superávit primário de 1,44 por cento do PIB, o pior desempenho para o período desde 2009 e distante da meta ajustada de 2,3 por cento do PIB, numa forte indicação de descumprimento da meta fiscal proposta.