Governo não descarta capitalização da Eletrobras ainda em 2019
Ministério de Minas e Energia decidiu também que pagamento da União à Petrobras por renegociação de contrato de cessão onerosa deve ser definido em março
Reuters
Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 18h50.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2019 às 19h23.
Rio de Janeiro - O montante a ser pago pela União à Petrobras em uma renegociação do contrato da cessão onerosa deverá ser definido em março, após uma reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) ainda em fevereiro definir o formato da revisão do acordo com a estatal, disse nesta quinta-feira o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque.
Ao participar de evento no Rio de Janeiro, ele afirmou ainda que não descarta que a operação de capitalização da Eletrobras aconteça ainda em 2019, embora o governo esteja focado no momento na reforma da Previdência .
Em relação às tratativas para o acordo com a Petrobras, o ministro disse que a reunião do CNPE neste mês deverá definir o modelo do leilão de áreas de petróleo e gás excedentes da cessão onerosa, onde há mais petróleo do que os 5 bilhões de barris de óleo equivalente envolvidos no contrato inicialmente assinado com a petroleira estatal.
"No dia 28, se o conselho aprovar, vamos marcar uma outra reunião em que certamente chegaremos ao formato final e números dentro do CNPE, de forma que o leilão possa acontecer no último trimestre deste ano", disse o ministro, durante evento no Rio de Janeiro.
"O valor que a Petrobras tem a receber ainda está em discussão, mas acredito que vamos chegar nele no final de março", acrescentou.
Em um cenário analisado pelo Tribunal de Contas da União, a renegociação do contrato da cessão onerosa poderia resultar em pagamento de 14 bilhões de dólares à petroleira pela União, afirmou a estatal em janeiro.
O contrato cedeu à Petrobras em 2010 o direito de explorar promissoras áreas do pré-sal na Bacia de Santos sem licitação, por meio de um pagamento de 74,8 bilhões de reais --a renegociação do valor pago estava prevista desde o início do acordo, após as áreas serem declaradas comerciais.
Eletrobras
O ministro afirmou ainda que, se for possível, a capitalização da Eletrobras poderia ocorrer ainda neste ano, embora a prioridade do governo seja a aprovação da reforma da Previdência.
O modelo da operação ainda não está definido, e também não há decisão ainda sobre até que ponto o governo reduziria sua fatia na estatal em meio à capitalização.
A área técnica do ministério chegou a afirmar que a capitalização ficaria para 2020, com o foco do governo em temas como a reforma da Previdência.
"O modelo está em discussão não só no âmbito do MME, mas também com Ministério da Economia e outros atores, como TCU, AGU, para que a gente recupere a Eletrobras, e estamos trabalhando no modelo que seria a forma de capitalizá-la para que possa ter valor e importância que tem para o setor elétrico."
Após as declarações do ministro, as ações preferenciais da Eletrobras, que operavam em baixa, passaram a subir.
"Minha esperança é tão logo se tenha a modelagem disso vamos implementar as ações. Sem ter esse modelo, não posso dizer quando isso vai ser realizado, mas pode ser em 2019, se for possível. Agora, o governo tem prioridades e a prioridade no momento é a Previdência, a Nova Previdência."