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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h58.
O governo Lula não tem conseguido realizar as obras de infra-estrutura de que o Brasil precisa, afirmou nesta segunda-feira (21/8) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Diante de uma platéia de 50 representantes de empresas suíças, Furlan admitiu que não teria como responder às críticas dos empresários a respeito da precariedade do sistema de transportes do país e da burocratização enfrentada pelos exportadores, porque o Estado simplesmente não tem conduzido as mudanças urgentes no tempo adequado.
"Nós não conseguimos levar as obras na velocidade com que o Brasil precisa", disse o ministro, durante um almoço em São Paulo promovido pela Câmara de Comércio Suíço-Brasileira. "O volume físico do nosso comércio dobrou nos últimos quatro anos, o que sobrecarregou a infra-estrutura em praticamente 100%, já que não houve melhora nessa área." Segundo Furlan, o governo Lula tentou aliviar a questão com investimentos nos portos brasileiros, um dos gargalos no caminho das vendas externas - de apenas 11 portos saem 92% de todos os embarques de produtos por via marítima. "Escolhemos a modernização dos portos como prioridade há cerca de três anos. Hoje apenas uma parte das obras foi realizada", disse.
O ministro também defendeu uma simplificação dos processos de licitação, o que, segundo ele, poderia ajudar a desfazer o "emaranhado burocrático" . "O governo tem recursos e eu espero que o programa dos candidatos à Presidência traga mecanismos de facilitação que possam dar um alento à infra-estrutura."
Suíça
Apesar de reconhecer a deficiência brasileira, Furlan tentou convencer a platéia - executivos de algumas das cerca de 300 empresas de origem suíça instaladas no Brasil - de que o país merece receber investimentos externos. Ele afirmou que a economia pode crescer mais de 4% neste ano e que as exportações vão bem mesmo com as oscilações do dólar, podendo chegar a um recorde de 13 bilhões de dólares em agosto.
De acordo com números do governo, hoje as empresas suíças têm hoje investidos cerca de 4 bilhões de dólares no Brasil. Para Nelson Mussolini, diretor corporativo da suíça farmacêutica Novartis, o que falta para que os suíços destinem mais recursos ao país é o combate à burocracia e uma maior segurança tributária. "O empresário coloca o dinheiro onde for mais interessante e confiável", afirma. Segundo o executivo, novas regras de tributação poderiam reduzir a informalidade, que no setor farmacêutico, afirma, derruba o faturamento das companhias formais. "A Novartis fatura cerca de 1 bilhão de reais no Brasil e poderia ganhar entre 20% e 40% a mais com vendas se não fosse a competição desigual", afirma Mussolini.
Comércio
O ministro Furlan também afirmou haver um grande potencial nas relações comerciais entre Brasil e Suíça, cuja corrente de comércio deve ficar em 2006 em cerca de 2 bilhões de dólares - nem 1% do que o Brasil deve somar em exportações e importações com todos os seus parceiros durante o ano.
Hoje o saldo comercial entre os dois países é favorável à Suíça, que vende para os brasileiros produtos de maior valor agregado - como máquinas, medicamentos, motores, partes de automóveis - e compra do Brasil alumínio, celulose, carne, entre outros.
Para o ministro Furlan, uma das apostas brasileiras para virar essa balança é o etanol, presente em 5% da mistura que abastece alguns veículos da Suíça - no ano passado, os suíços consumiram 9,5 milhões de litros do combustível. "Se todos os carros do país fossem abastecidos com a mistura que leva o etanol, haveria uma demanda de 500 milhões de litros por ano", afirma Furlan.