Governo já está cortando na carne, diz Levy
Em entrevista coletiva, ministro disse que S&P pode ter se precipitado e que país "não pode ser vítima de miopia" na questão dos impostos
João Pedro Caleiro
Publicado em 10 de setembro de 2015 às 16h28.
São Paulo - O ministro da Fazenda Joaquim Levy disse hoje em entrevista coletiva que a Standard & Poor's "pode ter se precipitado" em rebaixar a nota do Brasil e que novos rebaixamentos não são uma certeza.
"Na medida em que a gente mostrar que aquele processo [fiscal] vai ter uma conclusão, eu diria que o afã de mudar a nota do Brasil talvez arrefeça um pouco entre os agentes".
Ele se referia às duas outras agências de rating - Fitch e Moody's - que ainda colocam o Brasil como grau de investimento.
O ministro reconheceu que o rebaixamento brasileiro "vai ter um impacto nas condições de crédito" mas "cria um estímulo adicional para a gente concluir esse processo" [de reequilíbrio fiscal].
Ele afirmou que novas medidas serão anunciadas "em algumas semanas, até o fim do mês" e terão "uma combinação de cortes de despesas e [aumento de] receitas que permitam a gente construir o que venho chamando daquela ponte de sustentabilidade fiscal."
Cortes e impostos
Para o ministro, país não pode "ser vítima de uma miopia" na questão dos impostos, já que vale a pena "pagar um pouco mais" pela segurança de que o crescimento vai voltar.
O ministro não deu valores novos e evitou comentar a hipótese de congelar o reajuste do funcionalismo público, apesar de se mostrar favorável a desindexação da economia e contratos que levem em conta a inflação futura.
Dois números foram muito repetidos: os R$ 80 bilhões cortados pelo governo no Orçamento de 2015 e os 0,7% do PIB que é a meta de superávit para 2016.
Ele também disse que o governo "já está fazendo uma economia muito grande, cortando na carne" mas "nao vai chegar sozinho" neste superávit.
A decisão de enviar ao Congresso um Orçamento com déficit foi "para mostrar a necessidade de deixar um caminho para garantir que o Orçamento seja compatível com a meta da LDO".
Dilma e EUA
Levy disse que a presidente Dilma "tomou as medidas necessárias" mesmo quando elas não refletiram "tão bem na popularidade dela" e que alguns resultados já estão aparecendo.
Como exemplo, citou a convergência das expectativas de inflação para um patamar mais próximo do centro da meta a partir de 2016 e a primeira contribuição positiva do setor externo para o crescimento do PIB desde 2005.
Levy também comparou a situação brasileira com a dos Estados Unidos em 2011. Na época, um impasse entre a Casa Branca democrata e o Congresso republicano impedia um aumento do teto da dívida, necessário para evitar um calote técnico.
Isso levou a Standard & Poor's a rebaixar a nota da dívida dos Estados Unidos pela primeira vez - o que segundo Levy, "acabou catalisando um movimento positivo" (o teto da dívida foi aumentado com um acordo e o calote foi evitado).
O ministro também disse que espera uma tramitação relativamente rápida do projeto sobre repatriação de ativos do exterior ("cuidadosamente construído para evitar brechas para recursos ilícitos") e defendeu reformas do PIS/Cofins e do ICMS.
São Paulo - O ministro da Fazenda Joaquim Levy disse hoje em entrevista coletiva que a Standard & Poor's "pode ter se precipitado" em rebaixar a nota do Brasil e que novos rebaixamentos não são uma certeza.
"Na medida em que a gente mostrar que aquele processo [fiscal] vai ter uma conclusão, eu diria que o afã de mudar a nota do Brasil talvez arrefeça um pouco entre os agentes".
Ele se referia às duas outras agências de rating - Fitch e Moody's - que ainda colocam o Brasil como grau de investimento.
O ministro reconheceu que o rebaixamento brasileiro "vai ter um impacto nas condições de crédito" mas "cria um estímulo adicional para a gente concluir esse processo" [de reequilíbrio fiscal].
Ele afirmou que novas medidas serão anunciadas "em algumas semanas, até o fim do mês" e terão "uma combinação de cortes de despesas e [aumento de] receitas que permitam a gente construir o que venho chamando daquela ponte de sustentabilidade fiscal."
Cortes e impostos
Para o ministro, país não pode "ser vítima de uma miopia" na questão dos impostos, já que vale a pena "pagar um pouco mais" pela segurança de que o crescimento vai voltar.
O ministro não deu valores novos e evitou comentar a hipótese de congelar o reajuste do funcionalismo público, apesar de se mostrar favorável a desindexação da economia e contratos que levem em conta a inflação futura.
Dois números foram muito repetidos: os R$ 80 bilhões cortados pelo governo no Orçamento de 2015 e os 0,7% do PIB que é a meta de superávit para 2016.
Ele também disse que o governo "já está fazendo uma economia muito grande, cortando na carne" mas "nao vai chegar sozinho" neste superávit.
A decisão de enviar ao Congresso um Orçamento com déficit foi "para mostrar a necessidade de deixar um caminho para garantir que o Orçamento seja compatível com a meta da LDO".
Dilma e EUA
Levy disse que a presidente Dilma "tomou as medidas necessárias" mesmo quando elas não refletiram "tão bem na popularidade dela" e que alguns resultados já estão aparecendo.
Como exemplo, citou a convergência das expectativas de inflação para um patamar mais próximo do centro da meta a partir de 2016 e a primeira contribuição positiva do setor externo para o crescimento do PIB desde 2005.
Levy também comparou a situação brasileira com a dos Estados Unidos em 2011. Na época, um impasse entre a Casa Branca democrata e o Congresso republicano impedia um aumento do teto da dívida, necessário para evitar um calote técnico.
Isso levou a Standard & Poor's a rebaixar a nota da dívida dos Estados Unidos pela primeira vez - o que segundo Levy, "acabou catalisando um movimento positivo" (o teto da dívida foi aumentado com um acordo e o calote foi evitado).
O ministro também disse que espera uma tramitação relativamente rápida do projeto sobre repatriação de ativos do exterior ("cuidadosamente construído para evitar brechas para recursos ilícitos") e defendeu reformas do PIS/Cofins e do ICMS.