Economia

Governo grego assume disposto a fortalecer a economia

O governo da Nova Democracia substitui o de esquerda radical do Syriza, liderado por Alexis Tsipras

Kyriakos Mitsotakis acena após ganhar as eleições na Grécia (Alkis Konstantinidis/Reuters)

Kyriakos Mitsotakis acena após ganhar as eleições na Grécia (Alkis Konstantinidis/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de julho de 2019 às 13h45.

Última atualização em 9 de julho de 2019 às 13h59.

O novo governo conservador grego tomou posse nesta terça-feira, assegurando que agirá imediatamente para fortalecer a frágil economia do país, embora saiba que não terá um "período de carência" e que a UE irá monitorá-lo de perto.

Em uma cerimônia religiosa, os 51 membros do Executivo tomaram posse no dia seguinte do novo primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, vencedor com maioria absoluta das legislativas de domingo.

O governo da Nova Democracia substitui o de esquerda radical do Syriza, liderado por Alexis Tsipras. Ele inclui diversos tecnocratas, poucas mulheres e dois ex-dirigentes de extrema direita.

Um deles deu o tom da urgência com a qual o governo quer fortalecer a economia. Ela cresceu 1,9% no ano passado, mas após uma década de crise continua afligida por dois recordes ruins na zona do euro: de desemprego (19,2%) e de dívida pública (180% do PIB).

"Não pedimos período de graça, queremos que nos julguem duramente pelos resultados de nossa política", afirmou Adonis Georgiadis, ministro de Desenvolvimento e Investimentos.

"O crescimento não chega magicamente, o crescimento se cria" através do "clima adequado", segundo ele.

O Banco da Grécia prevê novamente para este ano uma expansão do PIB de 1,9%.

Convencer Bruxelas

Mitsotakis prometeu um autêntico plano de choque, que consiste em reduzir impostos - IVA, sobre empresas (de 28% para 20% em dois anos), bens, imóveis e renda - e atrair investimentos para setores cruciais, como infraestrutura e turismo.

"Haverá reformas essencialmente estruturais. Temos que reduzir os impostos (...), tornar a Grécia atraente para investidores, investir na educação, estimular talentos, na economia digital. E temos que informatizar o Estado grego", enumerou, em entrevista ao semanário francês L'Obs.

O grande problema de Mitsotakis é que ele deverá compatibilizar esta promessa de reduzir a pressão fiscal com uma exigência contraditória de seus sócios europeus e credores: manter as finanças públicas amplamente superavitárias.

Os alertas chegaram ao primeiro-ministro imediatamente. Um deles foi pelo pelo diretor do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MES), Klaus Regling, encarregado de ajudar os países da zona do euro que enfrentam dificuldades financeiras.

Segundo ele, a exigência de um superávit fiscal primária de 3,5% do PIB até 2022 "é uma pedra angular do programa de ajuda" a Atenas, concluído em agosto de 2018, mas que prevê um período prolongado de vigilância das finanças gregas.

Kyriakos Mitsotakis tem diante de si uma difícil negociação.

Embora confie em sua imagem de reformador e na esperada ajuda dos parceiros conservadores da Europa - como a chanceler alemã Angela Merkel, com quem se reunirá em Berlim no fim de agosto, anunciou nesta terça o Executivo grego.

"Ao priorizar as reformas e os investimentos, o programa claro e o pragmatismo da Nova Democracia rejuvenescerão a economia grega, facilitarão a criação de emprego e trarão prosperidade", opinou o presidente do Partido Popular Europeu, Joseph Daul.

O novo ministro de Finanças, Christos Staikouras, admitiu nesta terça que "os problemas em aberto são muitos e variados".

Ele assumiu o compromisso de "manter as coisas positivas que foram feitas em anos passado e construir sobre isto".

A promessa encontra eco nas ruas de Atenas, onde a incipiente recuperação econômica é desigual. Prédios degradados e empobrecidos convivem com esplendorosos bares de moda.

Em sua empresa de produtos orgânicos aberta há dois meses em Chalandri, subúrbio de classe média no norte da capital, Julie Sakarisianou defende a decisão do governo anterior de reduzir drasticamente o IVA sobre produtos básicos de 24% para 13%.

"Gostaria que o IVA continuasse a 13%, para que tenhamos trabalho", opinou à AFP, exibindo suas prateleiras repletas de arroz, lentilhas, azeite de oliva e mel.

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