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Governo francês é questionado no Senado por acordo UE-Mercosul

Entre as grandes preocupações dos congressistas estão as exigências fitossanitárias de produtos agrícolas e o impacto do acordo na pecuária europeia

Emmanuel Macron: governo francês é questionado pelo Senado por conta de acordo entre Mercosul e União Europeia (Johanna Geron/Reuters)
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AFP

Publicado em 4 de julho de 2019 às 15h04.

O governo francês enfrentou, nesta quinta-feira (4), um bombardeio de questionamentos no Senado, onde os congressistas expressaram sua oposição ao acordo de livre-comércio concluído há uma semana entre União Europeia (UE) e Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), denunciando uma "aberração" e um "grande erro".

O secretário de Estado francês do Ministério das Relações Exteriores, Jean-Baptiste Lemoyne, e a secretária de Estado do Ministério da Economia e das Finanças, Agnès Pannier-Runacher, responderam a uma dúzia de questões feitas ao governo pelos senadores que - como os deputados já tinham feito na Assembleia na terça-feira (2) -, expressaram seu descontentamento com o acordo comercial com os países do Mercosul.

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Para Daniel Gremillet, do Partido A República, de Emmanuel Macron, "está na hora de o presidente da República, que prometeu uma Europa protegida, passar das palavras para a ação", destacando que "eles (os países do Mercosul) alimentam os animais com OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), enquanto aqui isso é proibido".

O senador socialista Claude Bérit-Débat classificou o tratado como uma "aberração para nossa agricultura (...), uma aberração para a saúde dos nossos concidadãos (...) e uma aberração ambiental e política", denunciando especialmente o Brasil, que, segundo ele, "desmata tudo e atropela os direitos sociais".

O senador Henri Cabanel (Hérault), do Partido Reunião Democrática e Social Europeia (RDSE), lançou uma ofensiva, declarando-se "profundamente chocado que um acordo deste tamanho seja aprovado por uma Comissão Europeia de saída, como um presente envenenado".

"O governo cometeu um grande erro, senhor ministro", afirmou a senadora comunista Christine Prunaud, que questionou se "a França será capaz de ser exemplar, opondo-se à ratificação deste acordo". Por fim, o senador Jean-Pierre Moga se manifestou contra "as importações predatórias" e uma "concorrência desleal".

Diante dessa avalanche de críticas, Lemoyne tentou tranquilizar os senadores.

"Estamos no começo de um processo democrático, porque, naturalmente, o Parlamento Europeu terá que se pronunciar; os parlamentos nacionais, também. E isto é bom", afirmou.

Na mesma linha, a ministra Pannier-Runacher se esforçou para apaziguar os ânimos na Câmara alta. "Em matéria sanitária, bem como fitossanitária, o acordo do Mercosul, como todos os acordos de comércio da União Europeia, não colocará em xeque o princípio, segundo o qual qualquer produto que entra na UE deve estar em conformidade com suas normas e seus padrões", garantiu.

Com o acordo, o Mercosul poderá exportar para a UE quase 99.000 toneladas de carne bovina com uma tarifa preferencial de 7,5%, o que vai enfraquecer a posição dos pecuaristas europeus.

Na França, este setor, muito dependente dos subsídios europeus, alega que não conseguirá competir com o que chama de "fábricas de carne" sul-americanas.

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