Economia

Governo federal perderá R$ 20 bi em 2022 com reforma do IR, diz secretário

Mudanças na legislação irá reduzir carga tributária em 0,2 pontos do PIB, afirma Bruno Funchal

Reforma do IR: a reforma aprovada na Câmara, e que segue para o Senado, reduz o imposto cobrado sobre o lucro das empresas (Edu Andrade/Ascom/ME/Divulgação)

Reforma do IR: a reforma aprovada na Câmara, e que segue para o Senado, reduz o imposto cobrado sobre o lucro das empresas (Edu Andrade/Ascom/ME/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 3 de setembro de 2021 às 15h58.

O secretário especial de Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, Bruno Funchal, disse nesta sexta-feira que a reforma do Imposto de Renda (IR) aprovada na Câmara nesta semana irá reduzir a arrecadação da União em R$ 20 bilhões por ano. Esse número não leva em consideração as eventuais perdas de estados e municípios.

De acordo com ele, isso representa uma redução de carga tributária equivalente a 0,2 pontos percentuais do PIB. A carga tributária bruta de União, estados e municípios é de 31,64% do PIB, de acordo com dados do Tesouro Nacional.

— Os cálculos ficam em torno de R$ 20 bilhões de perda. Teria uma redução de carga tributária olhando para todo mundo, pessoa física e jurídica — afirmou, num evento do mercado financeiro.

A reforma aprovada na Câmara, e que segue para o Senado, reduz o imposto cobrado sobre o lucro das empresas. Mas cria um tributo de 15% sobre os dividendos distribuídos aos acionistas.

O corte no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ficou em sete pontos percentuais (p.p.), promovendo uma redução dos atuais 25% para 18%. Já a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cai de 9% para 8,5%. Com isso, o imposto cobrado sobre as rendas das empresas cairá de 34% para 26%. Uma queda, portanto, de oito pontos percentuais.

Funchal afirmou que o governo tem cortado gastos e isso pode ser transferido para redução da carga tributária.

— A melhor forma de passar o controle das despesas para os cidadão é reduzindo a carga. Agora, tem um limite (para) essa perda. Agora não tem tanto espaço assim para fazer essa redução de carga — disse.

Nos bastidores, a equipe econômica não viu a aprovação da proposta com preocupação pelo lado fiscal. A avaliação é que a redução de arrecadação não é um problema, já que as receitas estão crescendo acima do esperado. Esse aumento de arrecadação de forma geral, que para o governo é estrutural, pode ser transferido para uma redução de impostos.

Há uma avaliação, por outro lado, que a mudança no IR pode aumentar o rombo nas contas públicas no próximo ano.

O governo está autorizado a registrar um déficit de R$ 170 bilhões no próximo ano. A proposta orçamentária, porém, prevê um rombo menor, de R$ 40 bilhões. Esse número, porém, não considera variáveis como uma possível perda de arrecadação.

  • Vá além do básico e fique por dentro das principais análises econômicas. Assine a EXAME
Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraGoverno BolsonaroMinistério da EconomiaPaulo GuedesReforma tributária

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor