Repatriação faz contas do governo voltarem ao azul
O resultado, divulgado nesta sexta pelo Tesouro Nacional, veio melhor que a projeção de analistas de saldo positivo em 25,261 bilhões de reais
Reuters
Publicado em 25 de novembro de 2016 às 15h23.
Última atualização em 25 de novembro de 2016 às 15h54.
Impulsionado pelo programa de regularização de ativos no exterior, também conhecido como repatriação , o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) obteve em outubro o maior superávit primário mensal da história.
No mês passado, o resultado ficou positivo em R$ 40,814 bilhões, superando o recorde de R$ 28,970 bilhões registrado em novembro de 2013.
O superávit primário é a economia de recursos para pagar os juros da dívida pública. O resultado positivo de outubro reduziu para R$ 55,821 bilhões o déficit primário (resultado negativo antes do pagamento de juros) nos dez primeiros meses do ano. Mesmo com a melhoria nas contas públicas, o déficit primário continua a ser o maior registrado para o período desde o início da série histórica, em 1997. De janeiro a outubro de 2015, o déficit primário estava em R$ 32,929 bilhões.
No acumulado de 12 meses, o déficit caiu para R$ 137,633 bilhões, voltando a ficar abaixo da meta estipulada para este ano de resultado negativo de R$ 170,5 bilhões. Em agosto e setembro, o déficit acumulado em 12 meses tinha superado a meta para 2016.
De acordo com o Tesouro Nacional, o principal motivo para o superávit primário recorde em outubro foi a repatriação de recursos.
Responsável pela arrecadação de R$ 46,823 bilhões de abril a outubro, o programa arrecadou R$ 45,069 bilhões apenas no mês passado.
Desse total, R$ 11 bilhões de Imposto de Renda foram repartidos com estados, municípios e fundos regionais nos últimos sete meses, dos quais R$ 9,783 bilhões somente em outubro.
A conta não inclui a divisão da multa da repatriação, que será distribuída aos estados após um acordo fechado esta semana entre a União e os governadores.
Em troca da adoção de um programa de ajuste fiscal nos estados e no Distrito Federal, as unidades da Federação poderão receber cerca de R$ 5 bilhões das multas.
Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o repasse pode ser feito antes do fim do ano.
Mesmo com os recursos da repatriação, a arrecadação continua em queda por causa da crise econômica. De janeiro a outubro, as receitas líquidas acumulam queda de 2,1%, descontada a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em relação ao mesmo período do ano passado.
Pressionadas pelos gastos obrigatórios, as despesas totais ficaram estáveis e subiram apenas 0,1% acima do IPCA nos dez primeiros meses do ano.
Apenas em outubro, no entanto, os gastos caíram 15,5%, descontado o IPCA em relação a outubro do ano passado por causa do adiantamento do 13° salário a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Previdência, gastos e investimentos
Os gastos com a Previdência Social subiram 6,5% além da inflação nos dez primeiros meses do ano. As demais despesas obrigatórias, no entanto, caíram 2,1% descontando a inflação, enquanto os gastos com o funcionalismo público acumulam queda real (considerando o IPCA) de 2,4%.
Os gastos discricionários (não obrigatórios) caíram 6,8%, descontado o IPCA. As despesas de custeio (gasto com a manutenção da máquina pública) caíram 8% de janeiro a setembro.
Os investimentos - gastos com obras públicas e compra de equipamentos - somaram R$ 41,336 bilhões no acumulado do ano, recuo de 17,4% também considerando a inflação oficial.
Os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) totalizaram R$ 28,941 bilhões, queda de 18,8% descontada a inflação.
Os investimentos do Programa Minha Casa, Minha Vida somaram R$ 5,275 bilhões, retração real de 57,5%. A queda deve-se principalmente à autorização para que a construção dos imóveis para a população de baixa renda seja financiada com recursos do FGTS, que passou a valer neste ano e diminuiu o uso de recursos do Orçamento no programa habitacional.