Economia

Gasolina sobe 19,5% em 6 meses e já beira R$ 5 em algumas cidades

O preço médio, sem descontar a inflação, é o maior já registrado na série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Combustível e preço: gasolina mais cara do Brasil está na região Norte (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Combustível e preço: gasolina mais cara do Brasil está na região Norte (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de janeiro de 2018 às 09h22.

Brasília - Nos últimos seis meses, o preço médio da gasolina subiu 19,5% nos postos de combustível e já se aproxima dos R$ 4,20.

Em algumas cidades, está perto de romper a barreira dos R$ 5. O preço médio, sem descontar a inflação, é o maior já registrado na série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que começou em 2001.

A gasolina mais cara do Brasil está na região Norte. Em Tefé, no Amazonas, o preço médio é de R$ 4,941 por litro. Em Alenquer, no Pará, chega a R$ 4,838. Para os paulistas, a gasolina mais cara é de Dracena (R$ 4,196) e a mais barata fica em São José dos Campos (R$ 3,863).

A escalada do preço está relacionada à nova política de ajustes da Petrobras, em vigor desde julho de 2017, quando a estatal anunciou que as variações ocorreriam com mais frequência.

Nesse período, os preços foram reajustados 133 vezes. A mudança foi feita para dar agilidade aos reajustes e acompanhar a volatilidade da taxa de câmbio e da cotação de petróleo. O barril ficou 28% mais caro nesse período.

Quando se compara o preço da gasolina no país com o do mercado norte-americano - de livre concorrência e sem nenhum tipo de política de preços - percebe-se um ritmo diferente. Nos EUA, o combustível ficou cerca de 7,6% mais caro quando o preço é convertido a reais.

Uma das explicações pode estar na sazonalidade. O período comparado começa no verão - quando os combustíveis ficam mais caros nos EUA - e termina em pleno inverno - quando os preços historicamente são mais baixos. Lá, a gasolina custa, em média, US$ 2,639 o galão ou R$ 2,2576 por litro.

Para não colocar em cima do consumidor todo o peso da volatilidade internacional do petróleo, especialistas sugerem um "amortecedor de preços".

Um dos mecanismos mais citados seria usar a atual Cide (o tributo federal que incide sobre os combustíveis) como um "colchão" para suportar a variação internacional, sem causar instabilidade no preço praticado no Brasil. O tributo seria variável: quanto maior o valor do litro, menor o porcentual da alíquota. E vice-versa.

"No Reino Unido, por exemplo, há certa estabilidade no valor cobrado, pois a volatilidade é amortecida pelo tributo variável. Isso dá mais estabilidade para o consumidor. A maior parte da Europa faz isso, e o Japão também", defende o presidente da consultoria agrícola Datagro, Plínio Nastari.

O diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), Adriano Pires, elogia a atual política de preços da Petrobras por acabar com a "ficção econômica" praticada nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff - que represaram os preços para conter a inflação.

Pires defende, no entanto, o aprimoramento do sistema com a adoção da Cide como imposto ambiental - que oneraria a gasolina em favor de combustíveis mais limpos, como etanol - e também para corrigir externalidades - como a variação do preço internacional dos combustíveis.

"A próxima etapa é rever a questão tributária. É preciso avançar na questão ambiental e na volatilidade de preços."

A disparada da cotação do petróleo é resultado da maior demanda e consequente diminuição dos estoques, já que a produção não cresceu no mesmo ritmo, segundo o relatório da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Mas nem todo esse aumento chegou às bombas. "De maneira geral, o petróleo não é um bem consumido diretamente, mas utilizado para produção de derivados. As negociações são realizadas com base nas cotações dos próprios derivados e não na do petróleo", explica a Petrobrás em nota ao Estadão/Broadcast.

A estatal reconhece que, no longo prazo, petróleo e derivados têm comportamento semelhante, mas "no curto prazo podem ocorrer, e de fato ocorrem, oscilações de diferentes magnitudes". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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