Focus projeta queda no IPCA em 2022, Câmbio e Selic se mantêm estáveis
Medianas divulgadas na Focus desta semana continuam a apontar estouro da meta do Banco Central
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de agosto de 2022 às 09h51.
Última atualização em 15 de agosto de 2022 às 10h18.
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 15, mostrou continuidade do movimento das expectativas de inflação observado nas últimas semanas. Enquanto a projeção de alta do IPCA - índice oficial de inflação - de 2022 desacelerou pela 7ª semana consecutiva, sobretudo devido às desonerações tributárias sobre combustíveis e energia, a mediana para 2023 subiu pela 19ª vez seguida. Ambos os porcentuais indicam descumprimento da meta a ser perseguida pelo Banco Central.
A estimativa para o IPCA de 2022 cedeu de 7,11% para 7,02%, já a projeção para 2023, foco principal da política monetária, avançou de 5,36% para 5,38%. Considerando somente as 69 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 7,10% para 6,95% e a de 2023 foi de 5,37% para 5 34%.
As medianas divulgadas na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%. O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.
Mostrando sinais de desancoragem mais ampla, a mediana para o IPCA de 2024 voltou a avançar, de 3,30% para 3,41%, contra 3,30% há um mês. A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%. A meta para os dois anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.
No Copom deste mês, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 6,8% em 2022, 4,6 % em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.
Outros meses
Os economistas do mercado financeiro passaram a prever deflação maior para o IPCA de agosto, de -0,15% para -0,19%, conforme o Relatório de Mercado Focus. Um mês antes, o porcentual projetado era de alta de 0,13%.
Para setembro, a projeção de alta do IPCA no Focus passou de 0 50% para 0,48% ante 0,49% há quatro semanas. Para o índice de outubro, a estimativa de aumento continuou em 0,54%, mesmo porcentual de um mês antes.
Já a inflação suavizada para os próximos 12 meses acelerou, de alta de 5,69% para 5,71% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,24%.
Câmbio para 2022 e 2023 permanece em R$ 5,20
O Relatório de Mercado Focus mostrou manutenção no cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023 pela terceira semana seguida. A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, ante R$ 5,13 um mês antes. Para 2023, também permaneceu em R$ 5,20, de R$ 5,10 quatro semanas atrás. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Selic no fim de 2022 permanece em 13,75% ao ano
A projeção para a taxa Selic no fim de 2022 continuou pela 8ª semana seguida em 13,75% no Boletim Focus, seu atual patamar, após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçar a preferência pelo fim do ciclo de alta de juro. Há um mês, o porcentual já era de 13,75%. Da mesma forma, a mediana para a Selic no final de 2023 permaneceu em 11,00%, de 10,75% quatro semanas antes.
Considerando apenas as 69 respostas nos últimos cinco dias úteis a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o término de 2023, as 68 revisões feitas nos últimos cinco dias úteis não alteraram a mediana de 11,00%.
No Copom deste mês, a Selic subiu 0,50 ponto porcentual, de 13 25% para 13,75%, e o colegiado disse que vai avaliar a necessidade de uma alta adicional, de 0,25pp, em setembro.
"O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião. O Copom enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas", afirmou o colegiado.
Na ata, o BC acrescentou que avalia que a estratégia exigida para trazer a inflação para o "redor da meta" no horizonte relevante considera o aumento definido a 13,75% em agosto e a manutenção da taxa em território bastante contracionista por um período longo.
Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.
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