Economia

FMI diz que Argentina segue um rumo positivo

Governo de Alberto Fernández tem divulgado projetos para tentar recuperar economia do país, como de fomento ao emprego

Alberto Fernández e Cristina Kirchner: presidente Alberto Fernández manifestou a intenção de cumprir com as obrigações da dívida (Agustin Marcarian/Reuters)

Alberto Fernández e Cristina Kirchner: presidente Alberto Fernández manifestou a intenção de cumprir com as obrigações da dívida (Agustin Marcarian/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de janeiro de 2020 às 06h56.

Última atualização em 10 de janeiro de 2020 às 06h58.

São Paulo — O governo da Argentina, empossado em dezembro, segue um rumo econômico positivo, estimou o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Alejandro Werner, em uma antecipação de uma entrevista para a CNN que vai ao ar no domingo.

Segundo o alto funcionário, as autoridades argentinas, que estão há menos de um mês no poder, não expuseram ainda um "plano mais detalhado". Mas mesmo assim, "as primeiras medidas nos fazem ver que o governo está se movimentando em uma direção positiva", continuou.

O presidente Alberto Fernández manifestou a intenção de cumprir com as obrigações da dívida, mas advertiu que o fará quando a economia voltar a gerar recursos, depois de quase dois anos de recessão e queda do Produto Interno Bruto (PIB), durante a Presidência de Mauricio Macri (2015-19).

"O governo anunciou medidas importantes, que têm como objetivo proteger os mais vulneráveis e tentar estabilizar a situação de instabilidade dos últimos meses", disse Werner.

O ex-presidente Mauricio Macri recorreu no ano passado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) como salva-vidas quando os mercados internacionais de empréstimos lhe fecharam as portas, colocando-o sob o risco de default.

O FMI deu a Macri a ajuda mais substanciosa da história, com um 'stand by' de 57 bilhões de dólares, mas só chegou a desembolsar 44 bilhões. Fernández disse que não quer mais um centavo do FMI porque não poderia devolvê-lo.

"É importante que tenhamos um diálogo mais profundo e detalhado com a Argentina, como expressou o presidente Fernández e o ministro (da Economia, Martín Guzmán)", disse o funcionário da entidade.

Werner esclareceu que as medidas de emergência foram lançadas "em um contexto no qual as contas fiscais não são afetadas e que qualquer aumento de gastos anda de mãos dadas com um aumento de receita que o financie de forma saudável".

Emprego

Nesta quinta, o governo da Argentina lançou um programa de fomento ao emprego em que ajudará cooperativas de vizinhos e pequenas empresas a executar pequenas obras públicas.

"É um plano que é capaz de gerar 20 mil postos de trabalho em uma Argentina que precisa trabalhar. Ele é absolutamente integrador porque resolve pequenas obras que todos os cidadãos precisam. Elas serão feitas pelos próprios vizinhos, por pequenas construtoras, que vão colocar valor neste trabalho destes argentinos", afirmou o presidente do país, Alberto Fernández.

Segundo Fernández, o governo vai investir 9 bilhões de pesos argentinos (cerca de R$ 585 milhões) nos próximos três meses para que as obras sejam executadas e uma parcela dos argentinos volte ao mercado de trabalho.

Dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec) mostram que o desemprego subiu no terceiro trimestre do ano passado para 9,7%, um resultado da crise econômica que abala o país desde 2018 e que se agravou nos últimos meses.

"Com tudo isso estamos tratando de mudar esse presente tão difícil para tantos argentinos", afirmou Fernández.

O ministro de Obras Públicas da Argentina, Gabriel Katopodis, disse o plano tem como pilares a infraestrutura social básica, a rápida execução das obras e a criação de mão de obra intensiva.

Entre outras coisas, segundo o ministro, as pequenas empresas e as cooperativas farão obras em redes de águas, em melhoras no acesso aos bairros e para reformar escolas.

"Sabemos que a construção gera emprego. Deixaram 60% das obras públicas paralisadas, suspensas", afirmou Katopodis, sem citar explicitamente o ex-presidente Mauricio Macri, antecessor de Fernández no cargo.

Sobre o Chile, Werner disse que "os indicadores de alta frequência para outubro mostraram uma contração muito importante, que levou vários analistas a revisar o crescimento da economia chilena em mais de um ponto percentual para 2019 e 2020".

"Não revisamos ainda. Vamos fazê-lo por volta da terceira semana de janeiro, que é a data em que apresentamos a atualização de nossos prognósticos", acrescentou.

Mas, advertiu que "claramente nossa estimativa (do FMI) terá um efeito importante. Um crescimento (no Chile) que se antecipava que subisse em uma faixa de 2,5% e 3,5%, terá uma revisão considerável para baixo".

O Chile foi palco de maciças manifestações por volta do fim de 2019, em protesto contra a situação econômica e social no país.

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