Economia

FMI corta previsão de crescimento global a 3,3% em 2012

O crescimento global é muito fraco para trazer para baixo a taxa de desemprego e a pequena força existente está vindo dos bancos centrais

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (Michael Sohn/Divulgação/Reuters)

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (Michael Sohn/Divulgação/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2012 às 20h45.

Tóquio - O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou a sua projeção de crescimento global nesta segunda-feira pela segunda vez desde abril e alertou as autoridades dos Estados Unidos e da Europa de que uma falha ao corrigir os seus problemas econômicos poderia prolongar a crise.

O crescimento global é muito fraco para trazer para baixo a taxa de desemprego e a pequena força existente está vindo dos bancos centrais, informou o FMI no seu Perspectiva Econômica Mundial, divulgado antes de sua reunião semestral, que será realizada em Tóquio no final desta semana.

Para 2012, o FMI espera agora crescimento de 3,3 por cento, abaixo da previsão de julho de alta de 3,5 por cento, o que seria o menor crescimento desde 2009. Para o próximo ano, haverá apenas uma pequena melhora para alta de 3,6 por cento, abaixo de sua estimativa de julho de 3,9 por cento.

"Uma questão-chave é se a economia global está apenas atingindo outro ponto de turbulência no qual sempre se esperou uma recuperação lenta e acidentada ou se a desaceleração atual tem um componente mais duradouro", informou.


"A resposta depende se as autoridades europeias e norte-americanas irão lidar proativamente com os seus grandes desafios econômicos no curto prazo." Ainda espera-se que os mercados emergentes cresçam quatro vezes mais rápido do que as economias avançadas, mas o FMI usou uma faca afiada para fazer suas estimativas para a Índia e o Brasil. A expectativa é que o Brasil tenha agora um crescimento mais lento do que os Estados Unidos este ano.

O FMI informou que forças "familiares" estão puxando para baixo o crescimento econômicos de países avançados: a consolidação fiscal e um ainda fraco sistema financeiro, os mesmos problemas que atingiram o mundo desde que a crise financeira global explodiu em 2008.

Medidas de risco e incerteza, como a medida de volatilidade VIX nos Estados Unidos, permanecem em baixos níveis, o que torna difícil acessar a natureza da incerteza. O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, a descreveu como "uma natureza Knightian", referindo-se ao termo usado para o risco que é impossível de medir, em homenagem ao economista Frank Knight.

"Preocupações sobre a habilidade das autoridades europeias para controlar a crise do euro e preocupações sobre uma falha das autoridades norte-americanas em concordar com um plano fiscal tem um papel importante, mas difícil de ser identificado", disse Blanchard.

O FMI informou que as condições financeiras devem permanecer "muito frágeis" no curto prazo em função dos problemas da zona do euro, que irão levar tempo, e das preocupações sobre como a economia norte-americana vai lidar com o fim de cortes de impostos previstos no próximo ano.

Sobre os Estados Unidos, o FMI informou que suas "prioridades políticas" devem evitar o chamado "abismo fiscal" dos aumentos de impostos e cortes de gastos esperados, elevando o limite de endividamento do governo, e a aprovação de um plano de redução do déficit.

O FMI avaliou que o abismo fiscal equivaleria a uma retirada fiscal de mais de 4 por cento do PIB em 2013, e o crescimento econômico seria paralisado.

Na zona do euro, disse que resolver a crise é a maior prioridade e que irá requerer progresso nos bancos e uma união fiscal.

"Se a incerteza está por trás da atual desaceleração, e se a adoção e implementação destas medidas diminuirem a incerteza, as coisas podem ficar melhores do que as nossas previsões, não só na Europa, mas também no resto do mundo", disse Blanchard. "Eu ficaria feliz se as nossas previsões iniciais se tornarem imprecisas, e, nesse caso, muito pessimistas."

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