O governo Dilma vem endurecendo o tom contra uma excessiva valorização do real e apenas na semana passada adotou duas medidas para evitar a enxurrada de capitais ao país (Alex Wong/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2012 às 14h19.
São Paulo - O fluxo cambial ao Brasil mostrou forte recuperação na semana passada, com saldo positivo de 2,920 bilhões de dólares, mais do que revertendo a saída líquida de 1,269 bilhão de dólares da semana anterior, mesmo o governo tendo endurecido o tom contra o excesso de fluxos que levaram o dólar no mês passado a cair abaixo de 1,70 real.
No fechamento do mês, o fluxo ficou positivo em 5,705 bilhões de dólares, abaixo do saldo positivo de 7,283 bilhões de dólares registrado em janeiro, mostraram dados do Banco Central nesta quarta-feira.
O BC informou ainda que adquiriu 842 milhões de dólares em compras de moeda no mercado à vista com liquidação no mês passado. Nos dois primeiros dias de março, foram liquidados 256 milhões de dólares nessas operações.
O mês de fevereiro ficou marcado pelo retorno das intervenções de compra do BC no mercado de câmbio, após não atuar dessa forma desde setembro passado, quando o dólar disparou devido ao agravamento da crise internacional.
O BC voltou a atuar por meio de um leilão de compra de dólares a termo e posteriormente realizou operações também nos mercados à vista e leilões de swap cambial reverso, que têm efeito de uma compra de moeda no mercado futuro. Segundo profissionais do mercado, a autoridade monetária visa defender a linha de 1,70 real por dólar, ameaçada em meio aos fortes ingressos ao país desde o início do ano.
No acumulado de 2012, as entradas de dólares superam as saídas em 15,453 bilhões de dólares. Os fluxos ao país coincidem com novas injeções de liquidez no sistema financeiro por países desenvolvidos, que, de acordo com a presidente Dilma Rousseff, têm causado um "tsunami monetário" que vem prejudicando a competitividade da economia brasileira.
O Banco Central Europeu (BCE), por exemplo, despejou mais de 500 bilhões de euros no mês passado para ajudar os países da zona do euro. Os bancos centrais da Grã-Bretanha e do Japão também injetaram dinheiro em seus sistemas financeiros.
O governo vem endurecendo o tom contra uma excessiva valorização do real e apenas na semana passada adotou duas medidas para evitar a enxurrada de capitais ao país, alertando que poderá tomar mais ações.
Na véspera, ao comentar os dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro do quarto trimestre, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo não vai permitir a valorização do real em relação ao dólar para não causar prejuízos à indústria.
Nesta quarta-feira, Mantega voltou a falar de câmbio, endossando que o governo está preparado para evitar excesso de liquidez na economia e não permitirá a criação de bolhas financeiras, nem especulação contra o real nos mercados futuro e à vista.
Às 13h33, o dólar subia 0,06 por cento, para 1,7651 real na venda. Entre a última quinta-feira e a véspera, a moeda norte-americana acumulou apreciação de 3,04 por cento.