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Fitch quer que próximo governo ajuste políticas fiscais

Principais preocupações da empresa em relação ao Brasil são as baixas taxas de crescimento e a deterioração nas contas fiscais

Sede da Fitch Ratings: Fitch classifica o Brasil atualmente como "BBB", a segunda menor classificação entre graus de investimento, com perspectiva estável (Brendan McDermid/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2014 às 16h34.

Rio de Janeiro - A agência de classificação de risco Fitch Ratings informou nesta quinta-feira esperar que o próximo governo brasileiro realize ajustes que melhorem o desempenho fiscal e a confiança dos investidores para manter a sua atual nota, evitando rebaixamento.

Em teleconferência com investidores, a analista da Fitch Shelly Shetty disse que as baixas taxas de crescimento e a deterioração nas contas fiscais são as principais preocupações sobre o Brasil, que continua classificado como "BBB", com perspectiva estável.

As declarações dela sugerem que a Fitch está disposta a dar o benefício da dúvida ao próximo presidente brasileiro, que será escolhido em outubro. Elas também podem ajudar a aliviar temores de que o Brasil vai em breve sofrer outro rebaixamento, após a decisão da Standard & Poor's de cortar o rating do país no mês passado para a faixa mais baixa da categoria de grau de investimento.

"Acreditamos que a deterioração nos fundamentos de crédito que vimos até agora no Brasil está amplamente dentro do nível de tolerância do rating BBB", disse ela.

Nos próximos anos, entretanto, a Fitch quer ver ajustes para "atrair investimento privado e melhorar a confiança, que tem sido afetada devido às incertezas políticas." Sem melhorar a taxa de investimento, será "muito difícil" para o Brasil crescer ao ritmo de cerca de 4 por cento por ano, disse Shelly.

A economia brasileira não consegue apresentar expansão acima de 3 por cento desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu em 2011. Neste ano, a expectativa é de crescimento abaixo de 2 por cento mesmo sediando a Copa do Mundo, que a Fitch acredita terá impacto "insignificante" sobre a atividade.


Petrobras

A Fitch acredita que empresas brasileiras irão sofrer mais rebaixamentos do que elevações de ratings neste ano uma vez que a queda da liquidez global dificulta as condições de financiamento para empresas com classificação menor.

Ela disse, no entanto, que os ratings da Petrobras devem permanecer em linha com a classificação soberana apesar dos desafios de financiar o plano de expansão da empresa.

A Fitch explicou que já incorporou no rating "BBB" da Petrobras o impacto de possíveis atrasos na expansão planejada de sua capacidade de refino, devido principalmente a exigências de conteúdo local.

Grandes atrasos de expansão que aumentem consistentemente a taxa de alavancagem da Petrobras para mais de cinco vezes sua dívida total em relação ao Ebitda pode afetar seu rating, disse o analista da Fitch para empresas brasileiras Mauro Storino.

Entretanto, esse não é o cenário base da Fitch.

"Embora existam alguns cenários em que podemos separar o rating (da Petrobras) do rating soberano, ele continua altamente ligado ao rating do governo", disse Storino.

A Petrobras "ainda tem uma alavancagem administrável, apesar do fato de que o segmento de distribuição continua a divulgar perdas e a empresa esteja sob um agressivo programa de capex de 220 bilhões de dólares até 2018", completou ele.

Texto atualizado com mais informações às 16h32min do mesmo dia.

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Rio de Janeiro - A agência de classificação de risco Fitch Ratings informou nesta quinta-feira esperar que o próximo governo brasileiro realize ajustes que melhorem o desempenho fiscal e a confiança dos investidores para manter a sua atual nota, evitando rebaixamento.

Em teleconferência com investidores, a analista da Fitch Shelly Shetty disse que as baixas taxas de crescimento e a deterioração nas contas fiscais são as principais preocupações sobre o Brasil, que continua classificado como "BBB", com perspectiva estável.

As declarações dela sugerem que a Fitch está disposta a dar o benefício da dúvida ao próximo presidente brasileiro, que será escolhido em outubro. Elas também podem ajudar a aliviar temores de que o Brasil vai em breve sofrer outro rebaixamento, após a decisão da Standard & Poor's de cortar o rating do país no mês passado para a faixa mais baixa da categoria de grau de investimento.

"Acreditamos que a deterioração nos fundamentos de crédito que vimos até agora no Brasil está amplamente dentro do nível de tolerância do rating BBB", disse ela.

Nos próximos anos, entretanto, a Fitch quer ver ajustes para "atrair investimento privado e melhorar a confiança, que tem sido afetada devido às incertezas políticas." Sem melhorar a taxa de investimento, será "muito difícil" para o Brasil crescer ao ritmo de cerca de 4 por cento por ano, disse Shelly.

A economia brasileira não consegue apresentar expansão acima de 3 por cento desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu em 2011. Neste ano, a expectativa é de crescimento abaixo de 2 por cento mesmo sediando a Copa do Mundo, que a Fitch acredita terá impacto "insignificante" sobre a atividade.


Petrobras

A Fitch acredita que empresas brasileiras irão sofrer mais rebaixamentos do que elevações de ratings neste ano uma vez que a queda da liquidez global dificulta as condições de financiamento para empresas com classificação menor.

Ela disse, no entanto, que os ratings da Petrobras devem permanecer em linha com a classificação soberana apesar dos desafios de financiar o plano de expansão da empresa.

A Fitch explicou que já incorporou no rating "BBB" da Petrobras o impacto de possíveis atrasos na expansão planejada de sua capacidade de refino, devido principalmente a exigências de conteúdo local.

Grandes atrasos de expansão que aumentem consistentemente a taxa de alavancagem da Petrobras para mais de cinco vezes sua dívida total em relação ao Ebitda pode afetar seu rating, disse o analista da Fitch para empresas brasileiras Mauro Storino.

Entretanto, esse não é o cenário base da Fitch.

"Embora existam alguns cenários em que podemos separar o rating (da Petrobras) do rating soberano, ele continua altamente ligado ao rating do governo", disse Storino.

A Petrobras "ainda tem uma alavancagem administrável, apesar do fato de que o segmento de distribuição continua a divulgar perdas e a empresa esteja sob um agressivo programa de capex de 220 bilhões de dólares até 2018", completou ele.

Texto atualizado com mais informações às 16h32min do mesmo dia.

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