Economia

Fitch: decisão da Petrobras expõe influência do governo na empresa

De acordo com agência, o risco político associado ao controle do governo brasileiro já está incorporado no rating BB- da companhia, com perspectiva estável

Fitch: agência comenta que considera positiva a política de preços de longo prazo da Petrobras (Joel Saget/AFP/AFP)

Fitch: agência comenta que considera positiva a política de preços de longo prazo da Petrobras (Joel Saget/AFP/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de maio de 2018 às 19h20.

São Paulo - A agência de classificação de risco Fitch afirmou nesta quinta-feira, 24, que a decisão do Petrobras de reduzir os preços do diesel em 10% nas refinarias e congelar esses preços por 15 dias, em resposta à greve dos caminhoneiros sobre o aumento dos custos de combustível, "ressalta a capacidade contínua do governo brasileiro de influenciar as políticas e decisões da empresa".

De acordo com a Fitch, o risco político associado ao controle do governo brasileiro já está incorporado no rating BB- da companhia, com perspectiva estável.

Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, 24, a Fitch comenta que considera positiva a política de preços de longo prazo da Petrobras, "já que ela aumentou a previsibilidade do fluxo de caixa e acrescentou transparência aos investidores. A mudança de estratégia também melhorou significativamente a lucratividade da Petrobras, de quando as decisões operacionais eram mais influenciadas pelo governo".

A agência lembra, ainda, que a companhia já havia aumentado os preços da gasolina e do diesel em 17% e 16%, respectivamente, em resposta à depreciação do real e ao aumento dos preços do petróleo no mundo.

"A greve dos caminhoneiros tem levantado preocupações sobre a capacidade das empresas brasileiras de manter cadeias de suprimentos just-in-time, bem como exportar produtos em setor-chave, como a agricultura", disse a Fitch.

Nesse sentido, a combinação de escassez de produtos críticos e paralisação da atividade econômico no contexto das próximas eleições "poderia resultar em preços de combustível ainda mais elevados e/ou o período de 15 dias pode ser prorrogado", de acordo com a agência.

No cenário atual, no qual a Petrobras voltará gradualmente à política de preços, a perda estimada da companhia de cerca de US$ 100 milhões durante o período representa menos de 0,5% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) estimado pela Fitch para a companhia em 2018, de US$ 26 bilhões.

"Além disso, a decisão não altera substancialmente nossa projeção de alavancagem líquida de 3,5x para este ano, que pressupõe uma redução potencial do Ebitda da venda de ativos", além da possibilidade de impostos mais altos, junto com a previsão da Fitch de que o preço médio do petróleo tipo Brent para este ano seja de US$ 52,50 por barril.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingCaminhoneirosFitchGrevesPetrobras

Mais de Economia

Com mais renda, brasileiro planeja gastar 34% a mais nas férias nesse verão

Participação do e-commerce tende a se expandir no longo prazo

Dívida pública federal cresce 1,85% em novembro e chega a R$ 7,2 trilhões

China lidera mercado logístico global pelo nono ano consecutivo