Economia

Fiesp acredita em acordo com Argentina para evitar barreiras comerciais

No mês que vem, a Receita Federal argentina passará a exigir informações prévias sobre todas as importações de bens de consumo

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo estima que 79% das exportações brasileiras devem ser afetadas pelo país vizinho, mas negociações devem ser feitas (Wikimedia Commons)

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo estima que 79% das exportações brasileiras devem ser afetadas pelo país vizinho, mas negociações devem ser feitas (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2012 às 11h59.

Brasília – A partir de 1º de fevereiro, a Receita Federal argentina passará a exigir informações prévias sobre todas as importações de bens de consumo. A medida atingirá todos os produtos brasileiros destinados ao mercado interno argentino. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) estima que 79% das exportações brasileiras devem ser afetadas, mas acredita em um acordo amigável entre os países vizinhos.

Segundo o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, um conflito direto seria ainda mais prejudicial à indústria brasileira. “Estamos preocupados com a realidade. Se temos uma indústria com contêineres parados, precisando embarcar, não podemos entrar em uma briga que trará solução somente um ano depois, o que não resolve o problema da indústria, nem do Brasil”.

Já o ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Welber Barral, é de opinião que as autoridades brasileiras precisam ser firmes para conseguir reverter essas medidas protecionistas adotadas pela Argentina. “O governo brasileiro tem que ser duro nas negociações”, disse.

No entanto, Barral observou que retaliar os produtos argentinos não é uma solução definitiva. “A retaliação é um instrumento de negociação. Não é uma resposta definitiva. Criação de barreira é ruim para os dois lados, gera custos de transação, burocracia desnecessária e corrupção deslavada”.

O ex-secretário de Comércio Exterior destaca a integração entre os países como uma alternativa de acordo. “Uma solução seria maior integração produtiva de mercados, assim como a que existe entre o setor automotivo”, disse.

O governo brasileiro vai esperar a medida entrar em vigor para avaliar o impacto das novas normas comerciais na economia antes de iniciar as negociações com o governo argentino. Na última terça-feira (10), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, demonstrou o descontentamento com as reações do país vizinho. “A Argentina tem sido um problema permanente. Temos boas relações políticas, mas economicamente é difícil lidar com eles”, disse.

No dia 11 de janeiro, a Argentina decidiu exigir apresentação de Declaração Jurada Antecipada de Importação (DJAI) dos importadores de bens de consumo. Essa exigência dificulta a entrada de produtos estrangeiros no país vizinho.

Para o Brasil, essas medidas protecionistas podem provocar uma queda considerável nas exportações. A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Em 2011, as vendas externas brasileiras ao país vizinho somaram US$ 22,7 bilhões. De janeiro a dezembro do ano passado, a balança comercial entre os dois países registrou superávit para o Brasil de US$ 5,8 bilhões.

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