Economia

FGV prevê mais desaceleração da indústria no semestre

O Índice de Confiança da Indústria caiu 4% em julho ante junho, de 103,8 pontos para 99,6 pontos. Trata-se do menor nível do indicador desde julho de 2009


	De 14 segmentos industriais analisados, 10 registraram baixa da confiança, 2 mostraram alta e 2 ficaram estáveis
 (Getty Images)

De 14 segmentos industriais analisados, 10 registraram baixa da confiança, 2 mostraram alta e 2 ficaram estáveis (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2013 às 15h16.

São Paulo - O superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, disse nesta segunda-feira, 29, que a queda do Índice de Confiança da Indústria (ICI) sinaliza que o setor, que já vem perdendo força, enfrentará mais "desaceleração no segundo semestre".

O ICI caiu 4% em julho ante junho, de 103,8 pontos para 99,6 pontos. Trata-se do menor nível do indicador desde julho de 2009 (95,7 pontos). Além disso, a queda de 4% foi a maior desde dezembro de 2008.

Campelo afirmou que o recuo do ICI se deveu em parte à onda de manifestações que se espalhou pelo país. "Os protestos levam a perguntas sobre de que forma o governo vai responder às demandas da sociedade, e isso causa incertezas para os negócios."

Também contribuiu para a queda da confiança o próprio ambiente de desaceleração da economia. De 14 segmentos industriais analisados, 10 registraram baixa da confiança, 2 mostraram alta e 2 ficaram estáveis. A diferença de 8 entre extremos (10 que registraram baixa menos as 2 que mostraram alta) é o pior resultado desde agosto de 2011. "Isso deixa claro que o recuo da confiança foi bem espalhado."

O indicador da situação futura dos negócios, que mede a expectativa para daqui a seis meses, caiu de 142,3 pontos em junho para 135,3 pontos em julho, ficando abaixo da média dos últimos 60 meses, de 138,7 pontos. "É um sinal de desaceleração de investimentos." O porcentual de empresas alegando que a situação vai piorar subiu de 4,7% para 10,6%, enquanto o de que acreditam que vai melhorar caiu de 47,0% para 45,9%.

Também houve piora na situação atual dos negócios. O porcentual de empresas que avaliaram que a situação é boa subiu ligeiramente de 19,4% para 19,8%, enquanto as que disseram que é fraca avançou de 8,3% para 14,5%. Campelo disse que o índice de confiança das empresas de bens de capital começou a recuar. "Se isso se confirmar, é a certeza de que haverá desaceleração."

O economista afirmou ainda que o mercado interno brasileiro "não está bom", citando inflação alta, queda da renda e o endividamento das famílias. "Pelo lado internacional, a indústria continua enfrentando competição externa. Além disso, os principais organismos internacional preveem um crescimento menor da economia mundial."

No âmbito do ICI, o Índice da Situação Atual (ISA) recuou 4%, para 100,6 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) caiu 4,1%, registrando 98,6 pontos. O quesito com maior influência na piora das expectativas foi o referente ao emprego previsto. Com a queda de 4,6% em julho, o indicador do quesito atingiu 105,1 pontos, mantendo-se abaixo da média histórica recente (112,1 pontos) pelo quarto mês consecutivo e atingindo o menor nível desde outubro de 2011 (104,9 pontos).

Campelo destacou que o pessimismo sobre o emprego aumentou mais nos setores de mecânica e material de transporte, que registrou o pior resultado desde agosto de 2012. "A maior contribuição para o pessimismo, porém, veio de produtos alimentares, com o pior resultado desde fevereiro de 2010."

O período de coleta da pesquisa foi de 2 a 24 de julho, com 1.269 empresas.

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