Economia

FGV: incerteza sobre Europa reduz avanço do ICC

Rio de Janeiro - A incerteza sobre a economia europeia, aliada ao temor com a inflação e à expectativa de aumento de juros no Brasil, diminuiu o ritmo de avanço do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que subiu apenas 0,6% em maio, após avançar 3,6% em abril. Para o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h46.

Rio de Janeiro - A incerteza sobre a economia europeia, aliada ao temor com a inflação e à expectativa de aumento de juros no Brasil, diminuiu o ritmo de avanço do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que subiu apenas 0,6% em maio, após avançar 3,6% em abril. Para o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloísio Campelo, a confiança do consumidor continua em um patamar bom, mas estes fatores de preocupação ajudaram a derrubar as expectativas do brasileiro quanto aos rumos futuros da economia do País. Tanto que o Índice de Expectativas (IE), um dos dois sub-indicadores do ICC, caiu 0,4% em maio ante abril.

O ICC é calculado com base em cinco tópicos da Sondagem das Expectativas do Consumidor, realizada pela FGV. Em maio, as famílias mais ricas tiveram papel preponderante ao "segurar" o avanço do indicador no mês. Somente entre famílias com renda acima de R$ 9.600, o ICC caiu 0,8% em maio ante abril. Isso porque os consumidores mais abastados ficaram cautelosos com o agravamento da crise na Grécia. As notícias sobre a possibilidade de um contágio do cenário de turbulência grego na economia europeia ocorreram exatamente no período de coleta de dados para cálculo do indicador do mês (entre 3 e 20 de maio). As sucessivas quedas na Bolsa por conta do ambiente de turbulência também ajudaram a derrubar a confiança dos consumidores mais ricos, visto que estes são, notadamente, investidores de ações.

Campelo comentou que, entre famílias com renda mais baixa, os pontos de preocupação são diferentes. "Temos que considerar que a preocupação com a crise na Europa é mais uma preocupação das classes de renda mais elevada. A preocupação das famílias com renda mais baixa é mais voltada para o avanço da inflação, com os juros", afirmou. Na sondagem das expectativas do consumidor, a expectativa de inflação para os próximos 12 meses saltou de 6,2% para 6,4%, de abril para maio. Além disso, Campelo lembrou que, assim como nas sondagens anteriores, o consumidor permanece com uma percepção de que os juros no País vão aumentar nos próximos meses, o que afeta decisões de consumo.

No entanto, as expectativas de compras de bens duráveis para os próximos meses continuam boas. Aumentou de 27,8% para 28,4%, de abril para maio, a fatia de consumidores pesquisados pela sondagem que pretendem elevar o volume de compras deste tipo de produto nos próximos meses. "Tem uma potência de compra, mas não há um consumismo desenfreado", disse. "O consumidor não está prevendo uma explosão de compras nos próximos meses", resumiu.

Para Campelo, não é possível dizer que a piora nas expectativas em maio possa se configurar em uma tendência para os próximos meses. "É possível que o cenário volte a tornar favorável, mas é possível que ele não se torne mais favorável. Não temos como dizer ainda", afirmou.

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