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FGV: desaceleração do IPA em outubro é generalizada

A desaceleração foi mais intensa nos preços das matérias-primas brutas, que apresentaram variação de -1,24% em outubro ante alta de 1,95% no mês anterior

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Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2012 às 14h40.

São Paulo - O pico de alta do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) aconteceu em agosto e a desaceleração do indicador em outubro ocorre de maneira generalizada, em todos os estágios da produção. Para o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, a desaceleração foi mais intensa nos preços das matérias-primas brutas, que apresentaram variação de -1,24% em outubro ante alta de 1,95% no mês anterior, o que corresponde a um recuo de 0,97 ponto porcentual de um total de -1,45 ponto porcentual de variação do IPA neste mês.

O principal destaque entre as matérias-primas brutas, segundo Quadros, ficou com a soja, que apresentou deflação de 6,50% neste mês sobre alta de 4,70% em setembro. "A colheita americana se mostrou menos pior do que os cenários alardeados anteriormente", explica o economista. No acumulado de 2012, o grão acumula alta de 76,27% e em 12 meses, de 66,27%. "A tendência é que a soja siga uma trajetória descendente e, ao longo de 2013, tudo indica que haverá uma reposição de estoques e, portanto, de ajuste dos preços para baixo", diz. A soja representa 6,85% da cesta de produtos do IPA.

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Outros exemplos citados pelo economista para explicar a desaceleração das matérias-primas foram as aves vivas (de 6,67% em setembro passou para 2,52% em outubro), suínos vivos (de 5,72% para 3,31%), o trigo (de 9,83% para 4,54%), o algodão (de 6,29% para -0,30%) e o arroz em casca (de 13,56% para 9,87%), sendo que este último item ainda apresenta alta considerável por conta da quebra da safra brasileira. "Os itens agropecuários estão liderando o processo de desaceleração, com quase toda influência vinda dos grãos", afirma.


Entre os bens intermediários, a desaceleração também se concentra nos itens derivados da agricultura, como farelo de soja, que passou de 3,54% em setembro para -6,22% em outubro; a farinha de trigo, que de 5,94% chegou a 2,08% no período; e ração animal, que desacelerou de 4,83% para 1,02%. "Se tirarmos os itens voltados à alimentação, os materiais para manufatura não alimentares estão acelerando", diz, citando o aço plano, cuja taxa saiu de 0,06% em setembro para 1,65% neste mês.

No caso dos bens finais, o indicador apresentou desaceleração de preços em outubro tanto dos alimentos in natura, quanto dos processados. Entre os in natura, destaque para a batata inglesa (de 48,14% para 11,38%) e para o feijão (de 2,44% para -1,85%). Para os alimentos processados, Quadros chama a atenção para a carne bovina, que despencou de alta de 6,10% em setembro para avanço de 0,47% em outubro. "Ocorreu uma freada radical da carne bovina, que pode ser uma transição para uma queda. O que tinha de ser repassado do campo e das rações já foi realizado", afirma.

Além deste item, houve forte desaceleração de preços na carne de ave (de 8,71% para -0,26%), carne suína (de 7,23% para 1,69%) e farinha de milho e derivados (de 3,63% para -0,87%). "A duração da alta dos produtos agropecuários foi mais curta neste ano do que em picos verificados em 2010 e 2008", diz Quadros. "Em 2012 a pressão arrefeceu mais rapidamente porque a alta ficou localizada na soja e no milho", explica.

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