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Agência de notícias
Publicado em 10 de junho de 2024 às 06h52.
O Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) deve manter suas taxas de juros em sua reunião desta semana, em um contexto de inflação persistente na maior economia mundial.
O Fed "manterá suas taxas inalteradas, entre 5,25% e 5,50%", antecipa Gregory Daco, economista-chefe da EY Parthenon. Mas "isso é tudo o que sabemos. O resto da comunicação do Fed é um mistério".
Depois de aumentar suas taxas para encarecer o crédito e, assim, esfriar o consumo e o investimento, que pressionam os preços, o Fed pensa em como reduzir o custo do dinheiro.
Mas para iniciar esse ciclo de queda, os responsáveis pela entidade precisam estar seguros de que os preços estão contidos. O começo do ano não trouxe boas notícias, com uma alta da inflação.
"O Fed está concentrado na inflação" e são esses dados que "determinarão se reduzirá suas taxas em setembro ou não", durante a reunião que seguirá às de terça e quarta-feira, destacou Krishna Guha, economista da Evercore, consultoria de investimentos.
A maior parte dos agentes de mercado espera uma redução em novembro, não mais em setembro, de acordo com os dados reunidos pelo CME Group.
"O debate em torno do calendário de um primeiro corte de taxas por parte do Fed é excessivo", estima Daco.
De qualquer forma, na próxima semana, o mercado receberá do Fed as previsões econômicas atualizadas e seus diretores dirão se ainda esperam reduzir as taxas em 2024.
Daniel Vernazza, economista-chefe do UniCredit Bank, espera que levantem a ideia de "duas reduções" este ano, frente a três que esboçaram em março. "Mas também não seria surpreendente" que façam "apenas uma" em 2024, acrescentou.
O Banco Central Europeu (BCE) baixou suas taxas de juros na quinta-feira pela primeira vez desde 2019, para 3,75%.
Depois de um aumento no início de 2024, a inflação nos Estados Unidos se manteve estável em abril, em 2,7% a 12 meses, segundo o índice PCE, o mais seguido pelo Fed. Inclusive, o IPC, outro índice para medir a inflação, recuou para 3,4% anual.
O crescimento do PIB no primeiro trimestre, em projeção anual (o dado a 12 meses se mantidas as condições no momento da medição), moderou-se para 1,3%, um dado bem-vindo para o banco central.
Mas o relatório mensal de emprego para maio, publicado na sexta-feira, disparou os alarmes.
Os Estados Unidos somaram 272 mil novos postos de trabalho no mês passado, frente aos 165 mil de abril, ao mesmo tempo que a taxa de desemprego aumentou de 3,9% para 4,0%, segundo o Departamento de Trabalho.A cifra de criação de empregos está significativamente acima dos 185 mil postos esperados pelos analistas, de acordo com o consenso reunido pela Briefing.com. Trata-se, além disso, do volume mais alto desde dezembro de 2023.
"Este relatório complicará o trabalho do Fed", que esperava um relatório "mais moderado" que "teria reforçado a confiança" do organismo na trajetória da inflação e dado argumentos para um corte de taxas em julho ou setembro, apontou Julia Pollak, economista-chefe da plataforma de empregos ZipRecruiter.
A reunião do comitê de política monetária do Fed, o FOMC, começará na terça-feira de manhã e se estenderá até quarta-feira ao meio-dia. Um comunicado será publicado às 18h GMT (15h de Brasília) e o presidente do Fed, Jerome Powell, fará sua habitual coletiva de imprensa meia hora depois.