Economia

Fed nos coloca em desvantagem competitiva com outros países, diz Trump

Mercado esperava mais detalhes sobre negociações com a China, mas presidente fez discurso com ataque ao Fed e sem foco na guerra comercial

Trump: presidente dos Estados Unidos criticou o Federal Reserve mais uma vez (Tom Brenner/Reuters)

Trump: presidente dos Estados Unidos criticou o Federal Reserve mais uma vez (Tom Brenner/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de novembro de 2019 às 15h52.

Última atualização em 12 de novembro de 2019 às 15h58.

Nova York — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mais uma vez mirou nesta terça-feira (12) o Federal Reserve por sua política de taxas de juros, num discurso altamente esperado, mas que não ofereceu novos detalhes sobre a longa guerra comercial de seu governo com a China.

Com os mercados financeiros — desde os de ações em máximas históricas até os de títulos mostrando algum nervosismo — ávidos por notícias sobre o estado das negociações entre Washington e Pequim, Trump lamentou o fato de que os Estados Unidos têm taxas de juros mais altas do que outras economias desenvolvidas e se deu crédito pelo recorde na duração do crescimento econômico.

"Lembrem-se de que estamos competindo ativamente com países que cortam abertamente as taxas de juros, de forma que muitos agora estão sendo realmente pagos quando quitam seus empréstimos, o que é conhecido como juros negativos. Quem já ouviu falar disso?", afirmou a membros do Clube Econômico de Nova York.

"Dê-me um pouco disso. Dê-me um pouco desse dinheiro. Quero um pouco desse dinheiro. Nosso Federal Reserve não nos deixa fazer isso."

O Fed cortou as taxas de juros três vezes desde julho, mas depois de promover uma série de nove aumentos desde o final de 2015. Trump tem criticado repetidamente o Fed por não reduzir ainda mais as taxas.

O discurso era aguardado com ansiedade em Wall Street, onde sinais de que a Casa Branca e Pequim estão se aproximando de um acordo comercial têm ajudado as ações dos EUA a bater máximas recordes nos últimos dias. O otimismo renovado também tem minado o grande rali do ano em ativos seguros, como os Treasuries.

Trechos do texto das declarações preparadas de Trump, no entanto, se concentraram no desempenho da economia e do mercado de trabalho dos EUA desde que ele assumiu o cargo. Enquanto Trump falava, o índice S&P 500 da Bolsa de Nova York se afastou da máxima histórica alcançada no início do pregão desta terça-feira. Por volta de 15h, o S&P 500 subia 0,24%.

Como sempre tem feito, Trump apontou o rali do mercado para recordes como uma validação de suas políticas econômicas e comerciais.

O S&P acumula alta de mais de 36% desde que Trump tomou posse, embora dois terços desse ganho tenham ocorrido em seu primeiro ano na Casa Branca, antes de seu foco se voltar para o comércio e o presidente começar a impor tarifas sobre as importações da China.

Acordo com a China

A chamada "fase 1" do acordo entre Estados Unidos e China "poderia ocorrer, e poderia ocorrer rápido", afirmou Trump. Ele ponderou, no entanto, que só aceitará o pacto bilateral se for bom para seu país e seus trabalhadores.

Trump voltou a acusar Pequim de manipulação cambial. "A China está desvalorizando sua moeda" para obter vantagens no comércio, criticou. Ainda segundo o republicano, desde a entrada do gigante asiático na Organização Mundial do Comércio (OMC), "ninguém manipulou seus números melhor do que eles".

Segundo o republicano, a China tira vantagens da OMC por sua designação como um país em desenvolvimento. Ele contou ainda que "há um tempo", autoridades da Casa Branca enviaram uma carta "dura" à China em que afirmavam não ser justo que o gigante asiático seja considerado um país emergente.

"O comércio deve ser justo e, para mim, deve ser recíproco", defendeu Trump. "Somos competitivos como nenhuma outra nação", acrescentou.

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