Economia

Fed deve manter juros, mas pressão por mudanças aumenta

Especialistas estão cada vez mais preocupados com o que a instituição será capaz de fazer e quais ferramentas usarão quando a próxima desaceleração chegar

Jerome Powell: o presidente do Fed e seus colegas indicam que quaisquer mudanças serão marginais. (Andrew Harrer/Bloomberg)

Jerome Powell: o presidente do Fed e seus colegas indicam que quaisquer mudanças serão marginais. (Andrew Harrer/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 15h34.

Dentro do Fed, por enquanto a política monetária é de estabilidade. Investidores acreditam que a reunião desta semana será uma decisão fácil, já que as autoridades devem votar por manter a taxa de juros inalterada por enquanto.

Do lado de fora, a conversa é bem diferente. Especialistas em política monetária e veteranos observadores do Fed estão cada vez mais preocupados com o que o banco central será capaz de fazer e quais ferramentas estarão disponíveis quando a próxima desaceleração chegar.

O debate continua lançando ideias ousadas - como injeções diretas de capital, um dólar digital e coordenação explícita entre bancos centrais e políticos que controlam orçamentos, uma proposta circulada pelo diretor-presidente do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, em Davos na semana passada. E o Fed está de fato no meio de uma revisão de ferramentas e comunicação, uma discussão que pode ter destaque na reunião de 28 e 29 de janeiro.

Mas esse exercício provavelmente não produzirá o tipo de inovação radical que Dimon e outros imaginaram. O presidente do Fed, Jerome Powell, e seus colegas indicam que quaisquer mudanças serão marginais. A meta de inflação de 2% é sacrossanta, a conversa sobre cooperação fiscal-monetária está fora de cogitação e os diretores do Fed não se impressionam com o experimento da Europa com taxas de juros negativas.

“Nesse momento, o Fed está praticamente sem munição para combater a próxima recessão”, disse Andrew Levin, professor do Dartmouth College e ex-assessor sênior de Janet Yellen. “As autoridades do Fed devem iniciar discussões francas com o Congresso sobre como fortalecer a caixa de ferramentas de política monetária.”

O ex-gerente da conta de mercado aberto do Fed de Nova York Simon Potter e a economista Julia Coronado trabalham em uma proposta na qual o Fed realizaria transferências diretas de dinheiro para contas de consumidores para estimular os gastos em uma recessão. Economistas como Coronado e Potter analisam estratégias não convencionais devido ao nível das taxas de juros atuais. Mesmo depois de mais de uma década de expansão, os rendimentos do Tesouro permanecem ultrabaixos.

O intervalo da meta do Fed para a taxa de referência está atualmente entre 1,5% e 1,75%, e a expectativa é de que as autoridades mantenham os juros inalterados na quarta-feira.

Notavelmente, o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos, em 1,68% no fim da sessão na sexta-feira, está abaixo do teto do intervalo da taxa básica do Fed. Os Treasuries de cinco anos rendem cerca de 1,5%.

Isso significa que a flexibilização quantitativa - um programa de compra de títulos implantado na última crise financeira - teria pouco espaço para reduzir os rendimentos nominais dos títulos do Tesouro dos EUA depois de reduzir a taxa de juros para zero.

Isso explica, em parte, porque os pedidos para inovar estão crescendo. O ex-vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, e o ex-presidente do conselho do Banco Nacional Suíço Philipp Hildebrand elaboraram uma proposta com coautores para que o banco central e autoridades fiscais se unam para atingir a meta de inflação.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Fed – Federal Reserve SystemJerome PowellPolítica monetária

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor