Economia

Exportações do Chile estão ameaçadas após terremoto

Santiago - O forte terremoto que atingiu o Chile no último sábado ameaça as exportações de uma série de produtos agrícolas do país, prejudicando sua economia e interrompendo o fornecimento de determinados itens no mercado internacional. Embora o Chile seja mais conhecido como o maior produtor mundial de cobre, também é líder na exportação de […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

Santiago - O forte terremoto que atingiu o Chile no último sábado ameaça as exportações de uma série de produtos agrícolas do país, prejudicando sua economia e interrompendo o fornecimento de determinados itens no mercado internacional. Embora o Chile seja mais conhecido como o maior produtor mundial de cobre, também é líder na exportação de outras matérias-primas, como uvas, frutos do mar e produtos florestais.

Após o tremor de magnitude 8,8 graus na escala Richter, todas as principais indústrias de papel e polpa de papel tiveram de interromper as operações por causa da falta de energia elétrica e para avaliar os danos. Os exportadores de frutos do mar estão sendo forçados a utilizar formas alternativas de embarque. Para todas as indústrias, os problemas de infraestrutura, como em rodovias, ferrovias e portos, são grande obstáculo. Eles podem evitar que as mercadorias cheguem rapidamente aos consumidores, dificultando especialmente a distribuição de perecíveis.

A economia do Chile, considerada a mais estável da América Latina, depende muito da exportação de seus recursos naturais. Além de ser o maior fornecedor de uva para os Estados Unidos, é também o segundo maior exportador de abacate e salmão. O Chile é o maior produtor de mirtilo (blueberry) da América do Sul.

O diretor da agência de classificação de risco Fitch Rating em Nova York, Casey Reckman, disse que "ainda é muito cedo para dizer qual será o impacto geral (sobre a economia), mas obviamente o impacto sobre o crescimento no curto prazo será negativo, talvez durante este trimestre e o próximo. Boa parte disso será resultado da grande destruição na infraestrutura". As duas regiões mais afetadas pelo terremoto - Bio Bio e Maule - são importantes centros de atividade agrícola.

A indústria de produtos de madeira do Chile pode ter sido a mais prejudicada pelo terremoto, já que grande parcela da capacidade de produção das maiores fábricas do país está na região de florestas de Santiago, onde o desastre ganhou a maior proporção. As oito indústrias de polpa de papel na região do terremoto produzem 400 mil toneladas de polpa por mês, ou 8% da capacidade do mercado global de químicos para o produto.

A Celulosa Arauco, maior produtora de polpa de papel do Chile e unidade de combustíveis e produtos florestais da Empresas Copec, informou que uma de suas operadoras sofreu danos "importantes" e que não está claro quando as atividades serão retomadas, diante de problemas com transporte e comunicação. A CMPC, unidade da brasileira Fibria Celulose, paralisou suas operações, sem água ou energia elétrica, e não sabe quando poderá retomá-las.

Vinhos

O setor de vinhos chileno também foi afetado pelo terremoto, que atingiu o Centro-Sul do país - o coração da região produtora de vinhos. A vinícola Concha y Toro sofreu "danos sérios" e interrompeu operações de uma de suas principais unidades por pelo menos uma semana. As uvas têm o maior valor de exportação entre as frutas frescas do Chile e o terremoto surgiu no pico da etapa de colheita, segundo o pesquisador Gary Lucier, do Serviço de Pesquisa Econômica do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A colheita certamente será influenciada pela falta de eletricidade.

O diretor de gerenciamento para a América do Norte da Associação Chilena de Frutas Frescas, Tom Tjerandsen, declarou que uma quantidade substancial de frutas já foi embarcada. "Portanto, ao menos os lotes dos próximos 11 dias continuarão chegando a seus destinos, pois foram carregados antes do terremoto", observou. Dois grandes contêineres deixaram o porto de Valparaíso com mais de 32 tipos de frutas frescas, inclusive uvas, e levarão 12 dias para viajar do Chile até os portos do Nordeste dos Estados Unidos.

Para a indústria de frutos do mar, o maior impacto também está na questão logística, segundo o diretor de gerenciamento da Bolsa de Frutos do Mar do Chile (braço comercial da América do Norte para uma série de produtores de salmão do Chile), Jean-Sebastien Gros. Ele lembrou que a principal rodovia Norte-Sul do país está fechada para caminhões, assim como os portos mais importantes. As informações são da Dow Jones.

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