O setor calçadista brasileiro encerrou 2002 com uma redução de 11% nas exportações em comparação ao ano anterior. As vendas externas somaram 1,44 bilhão de dólares contra 1,61 em 2001. A queda já era esperada pela diretoria da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, devido à crise argentina e a diminuição do consumo interno de outros importantes compradores, como os EstadosUnidos.

Apesar do recuo nas vendas externas, os sapatos brasileiros, um dos principais itens manufaturados da pauta de exportações do país, ganharam novos mercados no ano que passou. Vários países aumentaram as compras com relação a 2001. O México, por exemplo, aumentou em 58% o volume de importações no ano passado, passando de 21,6 milhões de dólares para 34,3 milhões de dólares. A Arábia Saudita, mercado no qual os fabricantes nacionais estão apostando e onde vêm desenvolvendo ações de promoção do sapato brasileiro, registrou incremento de 37%. As vendas ainda são tímidas. Fecharam em 3,5 milhões de dólares em 2002, contra 2,6 milhões de dólares no ano anterior, mas o aumento das vendas para novos mercados como esse é fundamental para a meta da ABICalçados de desconcentrar as exportações.

"Hoje cerca de 70% das vendas são para os Estados Unidos", diz Heitor Klein, diretor do programa Calçado Brasil, da ABICalçados. "É um bom mercado e pode crescer, mas estamos ganhando destaque em outros países, visando uma divisão melhor de nossas operações internacionais". O dirigente lembra ainda que os países que registraram aumento de importações de calçados brasileiros em 2002 foram aqueles em que os fabricantes fizeram atividades promocionais. "A continuidade desses programas de promoção vai ajudar a consolidar o processo de desconcentração", diz Klein.