Economia

Exportação de suco de laranja registra alta de 29%, puxada pelos EUA

Entre os meses de julho de 2017 e junho de 2018, os volumes embarcados totalizaram 1.150.714 toneladas de suco de laranja concentrado

Embarques com destino aos EUA tiveram alta de 83% em relação à safra anterior (Matt Stroshane/Getty Images)

Embarques com destino aos EUA tiveram alta de 83% em relação à safra anterior (Matt Stroshane/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 16 de julho de 2018 às 16h40.

As exportações brasileiras de suco de laranja encerraram o ano safra 2017/2018 com alta de 29%. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), compilados pela Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).

Entre os meses de julho de 2017 e junho de 2018, os volumes embarcados totalizaram 1.150.714 toneladas de suco de laranja concentrado, congelado equivalente a 66 graus brix (FCOJ equivalente) ante 894.669 mil toneladas exportadas na safra 2016/17. A escala brix é utilizada na indústria de alimentos para medir a quantidade aproximada de açúcares em sucos de fruta, vinhos e na indústria de açúcar. Os dados são convertidos a 66 graus brix para permitir a comparação entre produtos diferentes.

Em faturamento, as exportações somaram um total de US$ 2,107 bilhões, crescimento de 30% em relação ao valor de US$ 1,62 bilhão registrado no mesmo período da safra anterior. "A conjuntura ajudou o setor, mas o aumento dos embarques para os EUA é um destaque", diz o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.

Estados Unidos

Os embarques com destino aos EUA tiveram alta de 83% em relação à safra anterior. Segundo o diretor, dois fatores foram determinantes para o resultado.

"O primeiro deles é que o mercado americano sofreu com os efeitos do furacão Irma, que prejudicou a produção local. O segundo é que na safra anterior o Brasil exportou menos em função da restrição de oferta ocasionada pela safra 2016/17 que foi muito pequena", diz Netto.

O volume representa o maior resultado da série histórica. Assim, os embarques para os Estados Unidos encerraram a safra em US$ 561,7 milhões, 77% a mais do que os US$ 317,5 milhões verificados na safra 2016/17.

Mas o resultado não deve se repetir na próxima safra, explica o diretor-executivo da CitrusBR. "Dificilmente esses dois fatores se repetem. Nesse ano já se sabe que é uma safra menor que a do ano passado, já teremos uma disponibilidade de frutas menor, e ao mesmo tempo nada garante que os Estados Unidos vão puxar com o mesmo volume do ano passado. Por essas razões não acreditamos que teremos o mesmo desempenho de aumento como aconteceu o ano passado", afirmou.

Outros mercados

Os embarques para a União Europeia, principal mercado para as exportações de suco de laranja brasileiro, foram de 675.070 mil toneladas, 16% acima das 579.556 mil toneladas embarcadas no mesmo período da safra passada. O volume financeiro reportado pela Secex apresenta alta de 18%. No período, o total embarcado alcançou US$ 1,23 bilhão ante US$ 1,05 bilhão na safra anterior. "Mas se compararmos com a safra 2015/16 percebemos um recuo de 9,75% em volume, o que é preocupante", diz Netto.

O Japão, principal destino da Ásia, manteve o crescimento nos embarques com um total de 54.635 toneladas, alta de 33% ante as 40.996 toneladas da safra anterior. O crescimento em valor foi de 52% com US$ 105,7 milhões. A China, por sua vez, observou aumento de 33% em volume de suco exportado com 39.372 toneladas e 46% de incremento em valor, totalizando US$ 79,9 milhões.

Problemas do setor

"Quanto mais longe formos na série histórica, mais severa será a queda nos volumes embarcados, o que significa que se por um lado temos que comemorar o bom desempenho do ano, não podemos perder de vista que muitos dos problemas estruturais que temos nesse setor ainda persistem", avalia Netto.

Ele explica que a queda de consumo é um desses problemas. "O consumo mundial do suco de laranja caiu 18% nos últimos 14 anos, principalmente relacionado à competição com outras bebidas e também com a mudanças de hábito de consumo, como o café da manhã, que é a ocasião de consumo onde o suco de laranja está mais bem posicionado. O suco está perdendo espaço pois a cada dia as pessoas tomam menos café da manhã. Essas duas conjunturas formam um problema estrutural que é a queda de consumo que temos que enfrentar".

Para tentar reverter o quadro, a entidade tem feito nos últimos dos anos uma campanha no continente europeu com investimento de US$7 milhões ao ano, diz Netto. Segundo ele, a campanha é de reposicionamento de suco de laranja em 14 mercados da Europa e visa falar com profissionais de saúde para levar informações sobre os benefícios do suco.

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