Economia

Expansão da infra-estrutura brasileira depende de fundos de pensão, diz FT

Para sustentar crescimento superior a 4,5% ao ano e evitar colapso como o de 2001, Brasil depende da mudança de perfil das carteiras dos grandes fundos de pensão

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h43.

Só os fundos de pensão podem evitar um novo apagão no Brasil, afirma o jornal britânico Financial Times em reportagem desta segunda-feira (25/10). Segundo o jornal, os fundos têm manifestado interesse pelo setor porque a dívida pública já não é aplicação tão vantajosa. "[Os fundos de pensão] são exatamente o tipo de instituição, com seus compromissos de longo prazo e correspondente necessidade de ativos de longo prazo, que se deve esperar que invistam no setor", diz. A reportagem cita cálculo da consultoria Tendências, pelo qual só os projetos de geração e distribuição de energia elétrica precisam de investimentos de 7 bilhões de dólares anuais durante os próximos dez anos para dar conta da demanda.

Segundo o Financial Times, o governo deve entrar com um terço desse investimento. O problema é preencher os outros dois terços. "Vários grupos internacionais de energia elétrica, que se arrependem de ter investido pesadamente no Brasil no final dos anos 90, enfrentam problemas ainda maiores em seus mercados domésticos. Tais grupos dificilmente fornecerão o restante dos investimentos", afirma a reportagem. As esperanças recaem sobre os fundos de pensão.

A razão para o interesse em projetos de infra-estrutura seria a queda de remuneração da dívida pública brasileira. Ainda que a Selic tenha sido elevada para 15,75% ao ano na semana passada, deve-se considerar que o nível em 2003 era mais de dez pontos percentuais superior. Assim, torna-se necessário diversificar a carteira em busca de investimentos de longo prazo mais rentáveis, para poder alcançar as metas atuariais. O Financial Times cita o fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF), que vai entrar com até um quarto dos recursos para a formação de uma carteira no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltada a investimentos em usinas termoelétricas - que deve reunir 600 milhões de reais.

Além de energia, a reportagem cita transportes como outro setor de infra-estrutura que está precisando de dinheiro (<a href=http://portalexame.com/edicoes/825/economia/conteudo_47769.shtml><u>leia reportagem de EXAME sobre o gargalo logístico</u></a>). O jornal ouviu exportadores de grãos, pelos quais neste ano haverá uma redução de 20 milhões de toneladas na capacidade do sistema para transportar cargas aos portos no sul do país ((<a href=http://portalexame.com/edicoes/829/economia/conteudo_51964.shtml><u>leia reportagem de EXAME sobre a falta de navios</u></a>).

Alerta

O texto do Financial Times alerta para o risco de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 4,5%, um "consenso do mercado" para 2004, não seja suportado pela frágil infra-estrutura do país, que entraria em colapso, como em <a href=http://portalexame.com/edicoes/741/anteriores/conteudo_10325.shtml><u>2001</u></a>. O jornal cita como sinal de alerta recente boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (depois desmentido pelo órgão), pelo qual um novo racionamento de energia pode ocorrer em 2008. Entre as conseqüências do apagão em 2001 - ano em que a economia também vinha embalada a um ritmo superior a 4,5% ao ano -, o PIB passou a patinar em uma média de crescimento anual de apenas 1%.

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