Economia

Eurozona pede à Grécia reformas concretas na cúpula da crise

O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, manteve a mesma atitude de espera ao chegar à reunião

O vice-presidente da Comissão Europeia a cargo da zona do euro, Valdis Dombrovskis (Thierry Monasse/AFP)

O vice-presidente da Comissão Europeia a cargo da zona do euro, Valdis Dombrovskis (Thierry Monasse/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2015 às 11h46.

Bruxelas - Os sócios da Grécia na zona do euro pediram nesta terça-feira a Atenas que realize reformas concretas, sob a pena de ter de abandonar a moeda única, antes do início de uma cúpula extraordinária convocada depois da negativa grega de cumprir com as exigências dos credores.

"Claramente, a Grécia enfrenta desafios imensos e imediatos. Precisamos agora de uma estratégia clara e confiável sobre como a Grécia vai sair desta crise, mas se não for construída confiança, sem um pacote de reformas confiável não pode ser descartada uma saída do euro", afirmou vice-presidente da Comissão Europeia a cargo da zona do euro, Valdis Dombrovskis, antes do início da reunião.

O comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, manteve a mesma atitude de espera ao chegar à reunião e estimou que cabia à Grécia fazer propostas de reformas e ajustes "concretas, completas e confiáveis" após a rejeição categórica dos gregos no referendo de domingo aos pedidos de ajuste dos credores da Grécia.

"Muito dependerá do governo grego", estimou o ministro italiano Pier Carlos Padoan.

O ministro alemão, Wolfgang Schauble, se pronunciou no mesmo sentido considerando que "tudo depende de uma decisão do governo grego", mas afirmou que "sem um programa não há possibilidade de ajudar a Grécia no âmbito da zona do euro".

"As antigas propostas foram rejeitadas. Será difícil", declarou o presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças holandês, Jeroen Dijsselbloem.

"Estamos preparados para fazer o que for necessário para reforçar a zona do euro e nos mantermos unidos", acrescentou.

O ministro eslovaco, Peter Kazimir, se declarou muito cético sobre a possibilidade de alcançar um acordo nesta terça-feira e estimou que alongar "estes debates e discussões seria prejudicial para a Grécia e para a Eurozona".

"Portanto, devemos decidir nas próximas horas e semanas em um sentido ou em outro", acrescentou.

O ministro espanhol, Luis de Guindos, considerou que se encontravam "nos últimos segundos" e repetiu que seu país está disposto a negociar um terceiro programa de resgate financeiro, isso se a Grécia "se ajustar às regras".

O recentemente nomeado ministro das Finanças grego, Euclides Tsakalotos, não fez comentários ao chegar à reunião.

Radicais e moderados

As opiniões estão divididas entre os 18 sócios de Atenas. Depois de meses de difíceis negociações com o governo grego de esquerda radical, que terminaram sem resultados, muitos países já não querem ajudar a Grécia, que recebeu resgates financeiros do montante de 240 bilhões de euros desde 2010.

"Um 'Grexit' não seria um problema para a Europa", afirmou o ministro letão Janis Reirs.

"Estamos em uma democracia. Se damos empréstimos e assumimos compromissos, requeremos e pedimos condições", afirmou, por sua vez, o ministro finlandês Alexander Stubb.

Entre os mais radicais, além da Alemanha, se encontram os países do leste, que se viram gravemente afetados pela crise da dívida, como Portugal.

Uma saída da Grécia da zona euro "não é uma consideração sobre a mesa", afirmou o espanhol Luis de Guindos, cujo país, junto com a França, Itália e Luxemburgo tentam alcançar um compromisso com a Atenas para evitar o pior.

"A França fará todo o necessário para que a Grécia permaneça na zona euro, que é o seu lugar", afirmou o francês Manuel Valls.

Na véspera, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês François Hollande tentaram ocultar suas diferenças sobre a crise grega e apresentar uma posição comum.

A Alemanha rejeitou na segunda demandas da Grécia para negociar outro pacote de ajuda financeira a fim de evitar sua saída da Eurozona.

Euclides Tsakalotos, atual coordenador da equipe negociadora grega, foi nomeado ministro da Economia, e, substituindo Yanis Varoufakis, que pediu demissão nesta segunda-feira para facilitar as negociações com os credores internacionais.

Para Berlim, "não se trata de pessoas, mas de posições", disse Steffen Seibert, porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel.

"Depende da Grécia, se quiser continuar na Eurozona", disse. "Esperamos ver as propostas do governo grego a seus sócios europeus", acrescentou.

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