Europa retoma tráfego aéreo, sob ameaça de nova nuvem
Depois de seis dias, a crise provocada nas companhias aéreas também chegou a outros setores
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2010 às 23h11.
Londres - A Europa começou a levantar nesta terça-feira as restrições aéreas, o que permitiu a retomada dos voos, mas novas cinzas do vulcão islandês ameaçam prolongar o caos, quando milhares de passageiros seguem sem poder voltar para casa.
A Agência Europeia para a Segurança da Navegação Aérea, Eurocontrol, prevê a realização de metade dos voos previstos para o dia no continente, ou seja, 14 mil dos 27 ou 28 mil programados normalmente.
Esta estimativa, anunciada após a reabertura gradual dos espaços aéreos de alguns países, como França, Bélgica e Itália, além da Grã-Bretanha, representa uma clara melhora em relação à média de 30% registrada nos últimos três dias de crise, que começou na quinta-feira de manhã.
Na Grã-Bretanha, que tenta voltar à normalidade, vários aeroportos escoceses e do norte da Inglaterra, fechados desde quinta-feira, voltaram a operar. E Heathrow, o principal aeroporto da Inglaterra - e o maior da Europa - reabriu pouco antes das 22H00 local (18H00 de Brasília).
O voo BA84 da British Airways, proveniente de Vancouver, no Canadá, foi o primeiro a pousar em Heathrow após a reabertura, no Terminal 5 do aeroporto.
A companhia aérea acrescentou ainda que mais de 20 voos de longa distância são esperados nos aeroportos de Heatrow ou Gatwick - também em Londres - para a noite desta terça-feira ou a manhã de quarta-feira.
Outros aeroportos importantes, como os parisienses Roissy e Orly, reabriram nesta terça-feira após cinco dias de paralisação total, com o objetivo de garantir 30% dos voos domésticos e internacionais, segundo fontes do governo.
O tráfego aéreo também começou a ser retomado na Bélgica, onde por enquanto só se autorizam pousos, além da Itália e da Suíça.
"Vão ser necessárias várias horas, ou até dias para voltar à normalidade", disse um porta-voz da Agência Federal de Aviação Civil suíça.
A Alemanha prolongou o fechamento até as 18H00 GMT (15H00 de Brasília), ainda que a Agência Federal de Segurança Aérea (DFS) tenha anunciado que entre 700 e 800 voos receberam uma autorização especial para operar.
Entretanto, o anúncio da chegada de uma nova nuvem de cinzas ameaça esta retomada dos voos.
O serviço de controle de tráfego aéreo britânico (NATS) anunciou durante a noite de segunda-feira que a erupção vulcânica se intensificou e uma nova nuvem de cinzas se move para o sul e o leste, em direção à Grã-Bretanha.
A polícia islandesa, no entanto, minimizou as declarações alarmistas britânicas sobre o aumento da atividade do vulcão Eyjafjöll, ao informar que três crateras, ao que parece diferentes, seguiam expelindo cinzas nesta terça-feira, mas que "a coluna que se eleva acima do vulcão é menor e mais clara, o que significa que não há muitas cinzas em seu interior".
O Centro de Observação de Cinzas Vulcânicas (VAAC), com sede na cidade francesa de Toulouse, destacou que estas cinzas passarão pelo sul do Mar do Norte, as ilhas britânicas, Dinamarca e Escandinávia e, eventualmente, o extremo norte da França nas próximas 24 horas.
E, após uma mudança de direção do vento, elas devem ser empurradas para o Ártico no fim da semana, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Depois de seis dias, a crise, que segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) custa 200 milhões de dólares diários às companhias aéreas, também chegou a outros setores.
O Royal Bank of Scotland (RBS) estimou em 500 milhões de euros (675 milhões de dólares) as perdas diárias provocadas pela diminuição da produtividade na União Europeia (UE), depois que o caos aéreo impediu que dois milhões de pessoas voltassem ao trabalho na segunda-feira.
Outro setor que também começou a sentir a crise foi o automobilístico, e BMW e Nissan anunciaram a suspensão parcial da produção por falta de componentes.