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Da Redação
Publicado em 31 de março de 2010 às 11h26.
Bruxelas - A Eurofer, entidade que representa a indústria de aço na Europa, pediu na quarta-feira que os reguladores da União Europeia impeçam a competição injusta e o preço excessivo do minério de ferro, afirmando que isso pode prejudicar a recuperação econômica na região.
A Eurofer afirmou que a concentração de mercado por três empresas que controlam quase três quartos do mercado mundial resultou em um poder de preço desequilibrado, e em um alto grau de concentração no mercado internacional de minério de ferro.
A entidade já tinha ameaçado fazer queixa sobre o comportamento das mineradoras, o que valeu comentário do presidente da Vale, Roger Agnelli, na segunda-feira:
"O pessoal da Eurofer esqueceu que o período de colonização acabou. Aquela fase dos países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos produzirem para sustentar ou subsidiar o bem estar deles acabou. A gente tem que olhar com praticidade e eles mesmo defendem isso. Mercado é mercado", disse durante evento em São Paulo.
A Eurofer fez seu apelo à UE um dia depois de a Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, e a BHP Billiton, terceira maior produtora, terem dito que vão precificar o minério de ferro às siderúrgicas japonesas trimestralmente a partir de 1o de abril, sinalizando o fim dos acordos anuais.
Segundo informações da indústria, o aumento provisório seria de 90 por cento, elevando o preço do minério para 105 dólares a tonelada. A Vale disse no Brasil que não iria comentar a notícia.
"O minério de ferro é a base para a cadeia de valor mais importante da UE", disse a Eurofer em um comunicado conjunto com a Orgalime, a Associação Europeia das Indústrias de Engenharia.
"Se o acesso econômico a ele (minério) for prejudicado por preço injustificável, e consequentemente a produção de aço na Europa for colocada em risco, isso terá severas consequências para toda a cadeia de valor e milhões de empregos nos setores envolvidos", complementou.
O comunicado disse ainda que uma proposta de BHP e Rio Tinto para fundir seus ativos de minério de ferro na Austrália em uma joint venture vai intensificar a concentração no setor, com a oferta de minério de ferro sendo dominada por apenas duas empresas.