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EUAXChina: o que vem a seguir tem potencial para remodelar economia global

Batalha por controle de dados ameaça dividir o mundo, especialmente porque inteligência artificial e “Internet das Coisas” permite que produtos gerem dados

Trump quer impedir que algumas das maiores empresas chinesas acessem dados privados de americanos (Tasos Katopodis/File Photo/Reuters)

Trump quer impedir que algumas das maiores empresas chinesas acessem dados privados de americanos (Tasos Katopodis/File Photo/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 18h55.

Última atualização em 9 de setembro de 2020 às 18h58.

TikTok, WeChat e Huawei Technologies são apenas o começo. O que vem a seguir tem potencial para remodelar a economia global nas próximas décadas.

As medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para impedir que algumas das maiores empresas chinesas acessem dados privados de americanos - restrições programadas para entrar em vigor neste mês - são parte de um esforço mais amplo para criar “redes limpas” que o Partido Comunista não pode tocar.

Essa iniciativa, que envolve várias frentes, como redes 5G, serviços em nuvem e cabos submarinos, já impacta acordos corporativos e a geopolítica, com países e empresas pressionados a escolher um lado.

Enquanto as medidas se intensificam no meio de uma campanha eleitoral, a questão de quais dados dos EUA podem ser acessados por empresas chinesas - se houver algum - atravessa linhas partidárias. Trump e seu rival, o democrata Joe Biden, tentam atrair eleitores frustrados com a pandemia de Covid-19 como o candidato “duro com a China”.

Os mercados estão acordando para o risco de longo prazo. A notícia de que a China planeja reformar a indústria doméstica de chips de computadores ajudou a desencadear a queda das ações na semana passada, que reduziu cerca de U$S 100 bilhões de um índice de peso que segue o setor de semicondutores.

Os EUA agora discutem se devem restringir o acesso chinês a dados sobre tudo, desde geladeiras inteligentes a monitores de exercícios, decisões que, segundo líderes empresariais do Vale do Silício a Shenzhen, poderiam levar a uma dissociação de toda a economia global.

“Tudo isso é fundamentalmente um ataque à própria Internet”, disse Andrew Sullivan, presidente da Internet Society, que defende redes abertas no mundo todo. “Esta é uma tentativa de destruir toda a economia que cresceu em torno de aplicativos em rede.”

O bilionário de tecnologia chinês Jack Ma considera os dados mais importantes do que o petróleo na condução da economia do século 21. E a batalha pelo controle sobre dados ameaça dividir o mundo em campos concorrentes, especialmente porque a inteligência artificial e a “Internet das Coisas” implicam que produtos como torradeiras e calças de ioga transmitam dados.

Autoridades dos EUA dizem que refletiram sobre as amplas consequências do grande impacto que uma política real de “redes limpas” teria. E, embora a abordagem tenha sido inicialmente ridicularizada, conquistou adeptos.

A Internet agora é “um novo campo para a competição geopolítica”, disse Geoffrey Gertz, integrante do grupo de políticas da Brookings Institution, em Washington. “Não vejo essas tensões se dissipando. Isso é algo com que temos que conviver e administrar por muito tempo.”

Liderada pelos EUA, a “Rede Limpa” já lista quase 30 empresas de mais de uma dúzia de países. Até agora, aplica-se estritamente às instalações diplomáticas dos EUA, que devem ter “um caminho de comunicação ponta a ponta que não use nenhum equipamento de transmissão, controle, computação ou armazenamento de fornecedores de TI não confiáveis” como os da China.

“Estamos tentando ficar fora da geopolítica o máximo que podemos”, disse Michael Beckerman, chefe de política para EUA do TikTok, em entrevista na terça-feira à Bloomberg TV. “Mas, certamente, o clima macroeconômico e macropolítico é desafiador no momento.”

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