Economia

EUA se aproximam da hora zero para evitar "abismo fiscal"

A meta, nessas horas restantes, é impedir uma alta nos impostos que afetará todos os americanos e cortes fiscais que se abaterão em todos os programas federais


	O líder da maioria democrata do Senado, Harry Reid, encerrou neste domingo a sessão da Câmara Alta, mas expressou confiança em um anúncio ainda nesta segunda
 (REUTERS/Mary Calvert)

O líder da maioria democrata do Senado, Harry Reid, encerrou neste domingo a sessão da Câmara Alta, mas expressou confiança em um anúncio ainda nesta segunda (REUTERS/Mary Calvert)

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Da Redação

Publicado em 31 de dezembro de 2012 às 06h30.

Washington - Os principais líderes do Senado dos Estados Unidos avançaram neste domingo aos tropeços rumo a um acordo que evite uma alta de impostos na próxima terça-feira, em um dia marcado por concessões e a intervenção direta da Casa Branca.

Ao se aproximar da "hora zero" para um aumento de impostos e cortes maciços do gasto público, palco conhecido como "abismo fiscal", ambos os partidos expressaram otimismo sobre um pacto bipartidário, apesar das negociações a portas fechadas terem sofrido altos e baixos e correrem perigo de sair dos trilhos.

O Congresso não previu realizar voto algum neste domingo sobre os cortes tributários, que vencem à meia-noite de segunda-feira.

O líder da maioria democrata do Senado, Harry Reid, encerrou neste domingo a sessão da Câmara Alta, mas expressou confiança de que tenha algum anúncio nesta segunda por volta das 11h (14h de Brasília).

"Teremos mais anúncios, talvez às 11h. Claro é o que espero", disse Reid, embora tenha deixado claro que as negociações continuarão entre ambos os partidos.

A meta, nessas horas restantes, é impedir uma alta nos impostos que afetará os bolsos de todos os americanos e cortes fiscais que se abaterão em todos os programas federais, incluindo o Pentágono. Segundo os analistas, isso afundaria o país em uma nova recessão em 2013.


"Ainda existe uma distância significativa entre ambos os lados, mas as negociações continuam. Ainda há tempo de conseguir um acordo", afirmou Reid, que se manifestou "esperançoso, mas realista".

Tanto Reid como o líder da minoria republicana do Senado, Mitch McConnell, mantiveram negociações febris nas quais inclusive intervieram neste domingo, via telefone com ambos os senadores, o presidente Barack Obama e o vice-presidente Joe Biden.

McConnell pediu a ajuda de Biden para destravar as negociações, e Reid manteve estreitas consultas com Obama, que neste domingo mesmo, em um programa da rede "NBC", responsabilizou a oposição pelo ponto morto no diálogo fiscal.

No vaivém de ofertas, concessões e recriminações durante todo o fim de semana, os republicanos aceitaram retirar sua exigência de cortar os benefícios do sistema de Seguro Social (previdência).

O senador republicano do Arizona, John McCain, reconheceu que seria uma má ideia cortar esses benefícios com um método de atualização vinculado ao índice TPI que, na realidade, reduziria os ajustes pelo aumento do custo de vida.

"O TPI tem que ser eliminado da mesa porque não podemos ganhar nada ao contrapor os benefícios dos idosos com os cortes tributários para os ricos", disse McCain.

Por sua vez, os democratas aceitaram aumentar de US$ 250 mil para US$ 400 mil o teto de rendas abaixo do qual seriam prorrogadas as reduções fiscais da era do presidente George W. Bush, apesar dos republicanos preferirem que a prorrogação se estenda inclusive aos mais ricos.

A estratégia dos democratas é pressionar para que os republicanos aceitem cortar os impostos para a classe média e aumentá-los para os mais ricos.


Os republicanos, por sua vez, sustentam que os democratas só procuram aumentar os impostos "para financiar mais despesas" e não para reduzir o enorme déficit público.

Mas também há disputas em torno do futuro dos impostos sobre o patrimônio e a extensão dos subsídios extraordinários por desemprego.

Os cortes de impostos sobre o patrimônio, incluídos no pacote de cortes tributários instituídos durante a Presidência de George W. Bush e que vencem nesta segunda, tem uma alta carga política em Washington.

Esses impostos sobre o patrimônio caíram de uma taxa de 55% em 2001 para a taxa atual de 35% para imóveis, ações e outros bens obtidos em herança, com isenções tributárias que subiram de US$ 1 milhão para US$ 5,2 milhões.

Os democratas querem retornar aos níveis de 45% de 2009, com isenções de US$ 3,5 milhões, enquanto os republicanos querem que se mantenham na taxa atual.

Se não se fechar um acordo até esta segunda-feira, Reid prevê submeter à votação uma proposta democrata que prorroga os cortes tributários para quem ganha até US$ 250 mil e os subsídios de desemprego para dois milhões de pessoas, e estabelece as bases para futuras negociações para a redução do déficit. 

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