Economia

EUA apoiam negociação para socorro do FMI à Argentina

Maior acionista do Fundo, aprovou às conversas entre o país latino e a instituição multilateral e reiteraram o "forte apoio" às reformas de Macri

Apoio: a organização está "preparada" para ajudar a Argentina nesse momento de "significativa volatilidade financeira" (Presidência/Reuters)

Apoio: a organização está "preparada" para ajudar a Argentina nesse momento de "significativa volatilidade financeira" (Presidência/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de maio de 2018 às 08h16.

Washington - Maior acionista do Fundo Monetário Internacional (FMI), os Estados Unidos deram na última quinta-feira, 10, as "boas-vindas" às negociações entre a Argentina e a instituição multilateral e reiteraram o "forte apoio" às reformas pró-mercado implementadas pelo governo de Mauricio Macri.

A diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, declarou que a organização está "preparada" para ajudar a Argentina nesse momento de "significativa volatilidade financeira".

As expressões de apoio foram dadas durante encontros que o ministro da Fazenda de Macri, Nicolás Dujovne, teve em Washington com Lagarde e o subsecretário para Assuntos Internacionais do Tesouro dos EUA, David Malpass.

Segundo nota divulgada pelo lado americano, Malpass elogiou as medidas do governo argentino para tentar equilibrar as contas públicas e conter a inflação.

Em comunicado do FMI, Lagarde manifestou apoio às reformas e confirmou a negociação de um acordo "stand by de alto acesso" para sustentar o "abrangente" programa econômico da administração Macri. Também conhecido como "stand by" de "acesso excepcional", esse é o salva-vidas tradicional usado pelo Fundo em casos de países que enfrentam dificuldades para cumprir suas obrigações externas.

Dujovne afirmou que não falará em cifras até que o acordo seja fechado. Na última quarta-feira, 9, ele havia declarado que negociações do tipo costumam demorar seis semanas. O ministro ressaltou que um programa "stand by de alto acesso" dá a "flexibilidade" necessária para o País atingir seus objetivos.

"Estamos convencidos de que a decisão que tomamos nos ajudará a conquistar uma Argentina que cresça de maneira sustentável e siga avançando na direção do desenvolvimento", ressaltou em nota.

Alberto Ramos, analista do Goldman Sachs, disse que Macri tomou uma decisão correta e "ousada" ao optar pelo socorro clássico do FMI. A intenção original era pedir uma "linha de crédito flexível", mas esse instrumento só é destinado a países que possuam fundamentos macroeconômicos sólidos e enfrentem problemas pontuais no balanço de pagamentos. Com inflação alta e elevado déficit em conta corrente, a Argentina não atendia a esses requisitos.

Além disso, a linha flexível tem limite de valor e só pode ser concedida por até dois anos. O socorro tradicional não tem restrições de cifras e pode se estender por até três anos, destacou Ramos. "Isso permitirá que a Argentina cumpra suas necessidades de financiamento externo por um período mais longo e o custo dos recursos oficiais do FMI é mais barato que o registrado no acesso a mercados internacionais financeiros."

O programa tradicional costuma ter condições mais estritas, mas Ramos não acredita que as exigências serão pesadas. Em sua opinião, o FMI levará em conta as "credenciais ortodoxas" das autoridades argentinas, o fato de Macri ter iniciado uma série de reformas pró-mercado e a avaliação de que os desequilíbrios foram provocados pela administração anterior.

O ministro da Fazenda afirmou que as negociações serão retomadas na próxima semana em Washington. Depois, é possível que uma missão do Fundo seja enviada à Argentina.

O processo termina com a apresentação de um relatório à diretoria da instituição, que deverá decidir se aprova ou não o crédito. Mas a manifestação de simpatia do Tesouro americano ao pleito argentino é uma indicação de que o socorro terá sinal verde.

Não está claro se a Argentina começará a usar os recursos de maneira imediata ou se optará por mantê-los como reserva, utilizada em caso de necessidade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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