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Etanol mais barato dos EUA enche tanques no Brasil

Queda do preço do etanol nos EUA ajudou a impulsionar exportações, mas o Brasil é o consumidor mais surpreendente, por ser o segundo maior produtor mundial

Etanol: no mês passado, o combustível importado registrou o preço mais barato em relação à oferta local desde 2011. (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2016 às 14h47.

Na fábrica da Plymouth Energy, no coração do cinturão do milho dos EUA -- onde o combustível produzido localmente a partir do grão supostamente diminuiria a dependência americana do petróleo estrangeiro --, cada gota do etanol produzido vai para os motoristas do Brasil.

Como muitas destilarias do centro-oeste dos EUA, a planta da Plymouth em Merrill, Iowa, foi construída há uma década para um mercado americano que importava etanol para atender leis que exigiam um uso maior de combustíveis renováveis.

Desde então, a capacidade excedente e a abundância de gasolina barata causaram prejuízos e forçaram o setor a procurar novos mercados.

Isso ajudou a impulsionar as exportações para lugares distantes como a China, mas o comprador mais surpreendente dos últimos meses foi o Brasil, o segundo maior produtor mundial.

Embora o Brasil produza etanol a partir da cana-de-açúcar, o custo aumentou porque a turbulência político-econômica provocou a aceleração da inflação.

Em um momento em que o preço da gasolina atinge níveis recorde, os proprietários de carros bicombustível que podem optar pelo etanol o fizeram e os estoques caíram 75 por cento em relação ao ano anterior.

No mês passado, o combustível importado registrou o preço mais barato em relação à oferta local desde 2011, oferecendo pelo menos uma sobrevida temporária às produtoras americanas, que estão em dificuldades.

“O mercado de exportação é a única esperança do mercado americano para equilibrar a oferta”, disse Christoph Berg, diretor-gerente da empresa de pesquisa de commodities F.O. Licht em Ratzeburg, Alemanha.

“Sem isso, você pode ter que fechar plantas ou pelo menos desativá-las temporariamente”.

Exportando mais

Após importar um total recorde de 452 milhões de galões (1,7 bilhão de litros) do Brasil há uma década, os EUA exportaram 5,7 por cento de sua produção em 2015, mais do que o triplo da taxa média dos anos anteriores a 2011, mostram dados do governo americano.

O Brasil se tornou o segundo maior consumidor do etanol dos EUA, atrás do Canadá. As Filipinas, a China, a Coreia do Sul e a Índia completam a lista dos principais importadores.

As vendas ao exterior ajudaram a diminuir os problemas de algumas destilarias dos EUA, incluindo a Plymouth, que é capaz de produzir 50 milhões de galões, ou 189 milhões de litros, por ano.

As exportações da empresa para o Brasil subiram para 100 por cento da produção, contrastando com as exportações periódicas que começaram em 2012 e incluíam vendas à Europa, à Índia, ao Peru e aos Emirados Árabes Unidos, disse o diretor-executivo da empresa, Eamonn Byrne.

“É simples, há muito etanol por aqui”, disse Byrne, acrescentando que nunca esperou enviar combustível para fora dos EUA. “Esses mercados são muito, muito pesados”.

Diferença no preço

A demanda do Brasil poderá acelerar neste ano devido à crescente diferença entre o custo da oferta doméstica e as importações, disse Mark Marquis, fundador e CEO da Marquis Energy, produtora de etanol com sede em Hennepin, Illinois, nos EUA.

A gasolina vendida no varejo em São Paulo, atingiu uma alta histórica de R$ 3,57 (US$ 1) por litro no mês passado e está 13 por cento mais caro que um ano antes, que já era um recorde na época, segundo a Agência Nacional do Petróleo.

O etanol subiu ainda mais, registrando alta de 32 por cento em relação ao ano anterior, para R$ 2,74 por litro.

Embora no Brasil cerca de 27 por cento de toda a gasolina contenha etanol, os custos mais elevados impulsionaram a demanda por etanol hidratado -- o tipo usado nos carros bicombustíveis.

No fim do mês passado, os estoques domésticos do combustível caíram para cerca de 300 milhões de litros, contra 1,2 bilhão um ano antes, segundo a consultoria Datagro, que tem sede em São Paulo.

Pelos preços atuais o etanol doméstico é 42 por cento mais caro do que o custo de importação da oferta dos EUA dos portos do Golfo do México, mostram dados do governo. Em 22 de março, a diferença de preço atingiu R$ 0,75, a maior desde maio de 2011.

A alta pode não durar. O alto custo do combustível está criando um incentivo para que as processadoras de cana produzam mais etanol em vez de açúcar refinado, o que poderá recuperar os estoques e reduzir os preços.

E embora as exportações dos EUA para o Brasil em dezembro e janeiro tenham sido as mais elevadas desde maio, elas representaram menos da metade das compras do ano anterior, mostram dados do governo.

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Na fábrica da Plymouth Energy, no coração do cinturão do milho dos EUA -- onde o combustível produzido localmente a partir do grão supostamente diminuiria a dependência americana do petróleo estrangeiro --, cada gota do etanol produzido vai para os motoristas do Brasil.

Como muitas destilarias do centro-oeste dos EUA, a planta da Plymouth em Merrill, Iowa, foi construída há uma década para um mercado americano que importava etanol para atender leis que exigiam um uso maior de combustíveis renováveis.

Desde então, a capacidade excedente e a abundância de gasolina barata causaram prejuízos e forçaram o setor a procurar novos mercados.

Isso ajudou a impulsionar as exportações para lugares distantes como a China, mas o comprador mais surpreendente dos últimos meses foi o Brasil, o segundo maior produtor mundial.

Embora o Brasil produza etanol a partir da cana-de-açúcar, o custo aumentou porque a turbulência político-econômica provocou a aceleração da inflação.

Em um momento em que o preço da gasolina atinge níveis recorde, os proprietários de carros bicombustível que podem optar pelo etanol o fizeram e os estoques caíram 75 por cento em relação ao ano anterior.

No mês passado, o combustível importado registrou o preço mais barato em relação à oferta local desde 2011, oferecendo pelo menos uma sobrevida temporária às produtoras americanas, que estão em dificuldades.

“O mercado de exportação é a única esperança do mercado americano para equilibrar a oferta”, disse Christoph Berg, diretor-gerente da empresa de pesquisa de commodities F.O. Licht em Ratzeburg, Alemanha.

“Sem isso, você pode ter que fechar plantas ou pelo menos desativá-las temporariamente”.

Exportando mais

Após importar um total recorde de 452 milhões de galões (1,7 bilhão de litros) do Brasil há uma década, os EUA exportaram 5,7 por cento de sua produção em 2015, mais do que o triplo da taxa média dos anos anteriores a 2011, mostram dados do governo americano.

O Brasil se tornou o segundo maior consumidor do etanol dos EUA, atrás do Canadá. As Filipinas, a China, a Coreia do Sul e a Índia completam a lista dos principais importadores.

As vendas ao exterior ajudaram a diminuir os problemas de algumas destilarias dos EUA, incluindo a Plymouth, que é capaz de produzir 50 milhões de galões, ou 189 milhões de litros, por ano.

As exportações da empresa para o Brasil subiram para 100 por cento da produção, contrastando com as exportações periódicas que começaram em 2012 e incluíam vendas à Europa, à Índia, ao Peru e aos Emirados Árabes Unidos, disse o diretor-executivo da empresa, Eamonn Byrne.

“É simples, há muito etanol por aqui”, disse Byrne, acrescentando que nunca esperou enviar combustível para fora dos EUA. “Esses mercados são muito, muito pesados”.

Diferença no preço

A demanda do Brasil poderá acelerar neste ano devido à crescente diferença entre o custo da oferta doméstica e as importações, disse Mark Marquis, fundador e CEO da Marquis Energy, produtora de etanol com sede em Hennepin, Illinois, nos EUA.

A gasolina vendida no varejo em São Paulo, atingiu uma alta histórica de R$ 3,57 (US$ 1) por litro no mês passado e está 13 por cento mais caro que um ano antes, que já era um recorde na época, segundo a Agência Nacional do Petróleo.

O etanol subiu ainda mais, registrando alta de 32 por cento em relação ao ano anterior, para R$ 2,74 por litro.

Embora no Brasil cerca de 27 por cento de toda a gasolina contenha etanol, os custos mais elevados impulsionaram a demanda por etanol hidratado -- o tipo usado nos carros bicombustíveis.

No fim do mês passado, os estoques domésticos do combustível caíram para cerca de 300 milhões de litros, contra 1,2 bilhão um ano antes, segundo a consultoria Datagro, que tem sede em São Paulo.

Pelos preços atuais o etanol doméstico é 42 por cento mais caro do que o custo de importação da oferta dos EUA dos portos do Golfo do México, mostram dados do governo. Em 22 de março, a diferença de preço atingiu R$ 0,75, a maior desde maio de 2011.

A alta pode não durar. O alto custo do combustível está criando um incentivo para que as processadoras de cana produzam mais etanol em vez de açúcar refinado, o que poderá recuperar os estoques e reduzir os preços.

E embora as exportações dos EUA para o Brasil em dezembro e janeiro tenham sido as mais elevadas desde maio, elas representaram menos da metade das compras do ano anterior, mostram dados do governo.

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