Economia

Estas são as 10 maiores barreiras para pequenos exportadores

Pesquisa da CNI e da FGV aponta que o alto custo de transporte está entre os principais problemas enfrentados para vender produtos para fora


	Exportações: Tarifas cobradas em terminais de despacho de cargas são o 2º maior obstáculo
 (Thinkstock/Tuachanwatthana/Thinkstock)

Exportações: Tarifas cobradas em terminais de despacho de cargas são o 2º maior obstáculo (Thinkstock/Tuachanwatthana/Thinkstock)

Júlia Lewgoy

Júlia Lewgoy

Publicado em 28 de setembro de 2016 às 06h00.

São Paulo - O principal obstáculo para micro e pequenas empresas exportadoras no Brasil é o alto custo de transporte. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), que listou os dez principais problemas enfrentados por esses negócios para vender produtos para fora.

No estudo, pesquisadores entrevistaram 540 empresários exportadores com até 49 funcionários. Entre eles, 75% exportam produtos há mais de cinco anos. Os empreendedores deram notas de 1 a 5 para os principais entraves durante o processo de exportação, considerando 5 a barreira de maior impacto.

Em primeiro lugar, apareceu o custo com transporte, que recebeu nota média de 3,56, seguido pelas tarifas cobradas em terminais de despacho de cargas, com 3,42. Veja a seguir a lista completa dos dez maiores obstáculos apontados pelos micro e pequenos exportadores brasileiros:

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Custo Brasil

O resultado do estudo foi surpreendente para o gerente executivo de comércio exterior da CNI, Diego Bonomo. “Historicamente, sempre aparecia o câmbio em primeiro lugar na pesquisa. Mas com a crise econômica, a desvalorização do real reduziu a percepção do câmbio como um problema”, explica Bonomo. Isso porque as exportações se beneficiam com os produtos brasileiros mais baratos para os olhos externos.

Nos primeiros lugares do ranking, apareceram problemas estruturais do Brasil, resultado do chamado custo Brasil associado ao comércio exterior. O alto custo de transporte e as tarifas cobradas por portos e aeroportos são um problema para as grandes empresas também, além das pequenas, e em todas as regiões do Brasil.

Segundo Bonomo, esses problemas estão diretamente relacionados ao terceiro principal obstáculo do ranking: a baixa eficiência do governo no apoio à superação das barreiras às exportações.

“A baixa qualidade da infraestrutura de investimentos é mais difícil de ser solucionada, porque depende de investimentos que chegam a 300 bilhões de reais. Mas algumas questões regulatórias resolveriam o problema das tarifas, que chamamos de tributações invisíveis do comércio exterior”, aponta.

As leis conflituosas, complexas e pouco efetivas estão em quarto lugar do ranking de obstáculos, porque a legislação de comércio exterior do Brasil foi criada na década de 1950 e permanece a mesma até hoje.

“São leis antigas, que dão margem para múltiplas interpretações e estão dispersas em decretos e portarias. Tudo cria uma burocracia enorme para pequenos empresários que não têm um departamento jurídico na empresa”, explica Bonomo.

Falta de financiamento

O estudo da CNI também questionou aos empresários sobre quais dificuldades internas de seus negócios afetam seu desempenho nas exportações. O principal problema apontado por eles foi a falta de dinheiro. Surpreendentemente, mais de 70% não utilizam ou utilizam muito pouco os financiamentos disponíveis.

Isso acontece, principalmente, pela exigência de garantias para os financiamentos, segundo os entrevistados. A falta de informação sobre linhas de crédito disponíveis e as barreiras de acesso em função do porte da empresa foram citadas por metade dos empresários.

“Falta ajustar programas de financiamento dos bancos públicos para pequenas e médias empresas. Há pouca informação do governo sobre essas linhas de crédito”, aponta Bonomo. 

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