Economia: para o BC, os números "mostram sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de setembro de 2017 às 10h29.
Última atualização em 12 de setembro de 2017 às 10h51.
Brasília - Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliam que o processo de estabilização da economia brasileira se consolidou.
Na ata do último encontro do colegiado, divulgada nesta terça-feira, 12, eles afirmam que a atividade econômica deve seguir em trajetória de recuperação gradual, sendo que os primeiros sinais "já são perceptíveis".
"À medida que a recuperação avança, o crescimento do consumo deveria abrir espaço para a retomada do investimento", afirma a ata. "Há sinais de recuperação do emprego mesmo nessa fase do ciclo."
Para o BC, o conjunto de indicadores de atividade divulgados desde a reunião anterior do Copom, no fim de julho, "mostra sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira".
"A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego", acrescentaram os membros do colegiado.
Na avaliação do Copom, o comportamento da inflação também permanece bastante favorável, "com diversas medidas de inflação subjacente em nível baixo, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária".
Neste caso, a referência do colegiado é feita aos preços dos itens de serviços - mais suscetíveis à influência da Selic (a taxa básica de juros).
Após a surpresa com a forte queda do preço dos alimentos, o Banco Central acredita que haverá "alguma normalização" em 2018.
Na ata da reunião da semana passada do Copom, os diretores do BC voltam a citar o risco de, diante da inflação próxima do piso da meta, ocorrer uma espécie de processo de "inércia desinflacionária".
No parágrafo 16 do documento, os diretores do BC destacaram que as projeções de inflação para 2018 "tanto as da pesquisa Focus quanto as projeções condicionais do Copom embutem alguma normalização da inflação de alimentos". A normalização é esperada após a queda de 5,2% no preço dos alimentos nos 12 meses até agosto de 2017.
O Copom reconhece, porém, que esse processo pode ser mais lento que o esperado, o que poderia influenciar novamente a inflação para baixo. "Uma normalização mais lenta constitui risco baixista para essas projeções", cita o documento.
No parágrafo seguinte, os membros do Copom voltaram a citar a hipótese de inércia da inflação baixa. "A possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação corrente pode produzir trajetória de inflação prospectiva abaixo do esperado", cita o texto. Para o Copom, portanto, há risco de uma espécie de inércia desinflacionária na inflação à frente.
Para os diretores do BC, a política monetária tem flexibilidade para reagir a riscos para "ambos os lados, tanto ao risco de que efeitos secundários do choque de alimentos e propagação do nível corrente baixo de inflação produzam inflação prospectiva abaixo do esperado".
Para o BC, o Copom também está preparado para reagir a possível risco de "impacto inflacionário de um eventual revés do cenário internacional num contexto de frustração das expectativas com ajustes e reformas".
Mesmo com esses riscos apontados sobre os alimentos e a inércia, os membros do Copom "ponderaram que a recuperação da economia atua no sentido contrário, de gradualmente levar a inflação em direção à meta ao longo de 2018."
Nesse trecho do documento, o BC nota que a inflação mais baixa tem "permitido uma recomposição do poder de compra da população e contribuído para a retomada da economia".