Thomas Piketty em apresentação na Califórnia em abril de 2014: autor virou celebridade (Justin Sullivan/Getty Images)
João Pedro Caleiro
Publicado em 28 de setembro de 2015 às 16h52.
São Paulo - Em maio, o Partido Trabalhista do Reino Unido perdeu feio a eleição que reelegeu o primeiro-ministro David Cameron, do Partido Conservador.
A julgar pelo que houve desde então, os trabalhistas concluíram que a solução era se mover para a esquerda.
Há algumas semanas, o partido elegeu como líder Jeremy Corbyn, socialista com uma plataforma anti-austeridade, anti-guerra e que pede pela nacionalização do sistema ferroviário e controle de aluguéis, entre outras propostas.
Ontem, foram anunciados os membros do comitê que deve se encontrar trimestralmente para ajudar a formular a política econômica do partido sob orientação do "chanceler paralelo" John McDonnell.
Na lista estão Joseph Stiglitz, vencedor do Nobel de Economia em 2001, e a professora Mariana Mazzucato, uma das maiores especialistas do mundo em inovação (veja entrevista).
Mas dos 7 nomes, quem mais chama a atenção é Thomas Piketty, francês que se tornou celebridade internacional com o bestseller "Capital no Século XXI", radiografia exaustiva do aumento da desigualdade no mundo desenvolvido.
Piketty já havia sido anunciado há algumas semanas como conselheiro do novo partido espanhol Podemos, que defende alternativas à austeridade e tem ganhado espaço nas eleições locais.
Sobre seu novo papel na Inglaterra, o autor francês diz que “há uma oportunidade brilhante para o Partido Trabalhista construir uma economia política nova e fresca que vá expor o fracasso da austeridade como foi feita no Reino Unido e na Europa".
O que já se sabe é que o partido vem se organizando em torno da proposta de criar uma taxa sobre transações financeiras com títulos, ações, moeda estrangeira e derivativos.
Conhecida como "Imposto Robin Hood", a proposta é antiga e conta com apoio da vários outros países europeus para uma implementação transnacional.
McDonnell, que tem um discurso importante sobre economia marcado para hoje, disse para a BBC que a taxa "é a política do Partido Trabalhista na base de que possa ser introduzida globalmente, e essa tem sido a política do partido já por um tempo agora".
O centro financeiro de Londres, o governo e vários grupos de negócios se opõe frontalmente à medida, que segundo alguns estudos, causaria perdas bilionários para os consumidores e a cidade.
Com aumento de 12 pontos, Londres superou Nova York e voltou ao primeiro lugar no último ranking de centros financeiros mais importantes do mundo,
O relatório atribui as notas mais altas à menor incerteza desde a decisão da Escócia de não se separar e à reeleição de Cameron.