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Equilíbrio do câmbio e déficit são desafio para Bush

Dificuldade está em calibrar uma desvalorização do dólar que seja útil para as exportações

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h25.

Embora o governo americano não admita publicamente, e até discurse o contrário, a administração de George W. Bush consente na desvalorização de sua moeda, já que isso impulsiona as exportações e contribui para reduzir o imenso déficit comercial. Mas, ao mesmo tempo, nem os Estados Unidos nem seus parceiros comerciais desejam ver um repentino colapso do padrão monetário mundial, trazendo insegurança aos mercados e minando o planejamento estratégico das empresas. O desafio é assegurar que o declínio do dólar não saia do controle.

Durante encontro de cúpula de 21 países da Associação de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), no Chile, o presidente Bush afirmou que "as pessoas expressam preocupação com o valor do dólar e eu reitero que meu governo tem uma política de dólar forte". Enquanto reafirma sua lealdade a um dólar forte, Bush mantém a pressão pela valorização da moeda chinesa, o que implica em dólar mais fraco. Segundo reportagem desta segunda-feira (22/11) do The Wall Street Journal, Bush aproveitou a mesma reunião no Chile para pressionar o presidente chinês, Hu Jintao, para que promova a valorização do yuan, a moeda chinesa.

A estratégia de equilíbrio da moeda americana passa pela tentativa de controle do monstruoso déficit, de 600 bilhões de dólares, dos Estados Unidos. O governo chinês é um grande interessado em manter o déficit externo americano elevado. Uma parte significativa das exportações chinesas, que impulsionam a economia do país, são para os Estados Unidos. Com o que arrecada dessas vendas, o governo chinês compra títulos do Tesouro americano, formando entre os dois páises um círculo fechado em que os americanos compram produtos chineses e, em contrapartida, recebem dinheiro emprestado.

Na sexta-feira, em Berlim, Alan Greenspan, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, afirmou que o déficit de contas correntes não poderá ser financiado indefinidamente pelos detentores estrangeiros de títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

Inadimplência

Para alguns analistas, o déficit americano não será a única preocupação no curto prazo. No nível microeconômico, os mercados podem estar julgando mal a qualidade dos créditos nos Estados Unidos, só porque estão abundantes. O alerta é de Edward Altman, diretor da Stern School of Business da Universidade de Nova York. "A taxa de inadimplência, abaixo de 1%, não vai continuar baixa assim", diz Altman.

O estoque de créditos ruins (non performing loans) dos 14 maiores bancos americanos caiu de 25,5 bilhões de dólares no segundo trimestre de 2002 para 12 bilhões em mesmo período de 2004. E, segundo Altman, hoje até mesmo empresas com péssimas classificações estão se refinanciando. "Isso seria impossível três anos atrás."

Mas em sua avaliação, o segundo semestre de 2005 vai registrar um sensível aumento de defaults corporativos. "Estamos testemunhando as condições de crédito mais benignas dos últimos 18 meses, mas isso não dura para sempre." De acordo com dados do Citigroup, do ano passado para cá a proporção dos créditos com classificação B- para baixo pulou de 10,1% para 19,6%, um patamar bem próximo do pico dos últimos dez anos, de 20,5% em 1998.

Altman esteve recentemente em São Paulo em evento promovido pela Serasa.

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