Desmatamento na Amazônia: dados de julho mostraram que desmatamento na região cresceu 28 por cento em relação ao ano anterior (Amazonia Spress/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de janeiro de 2014 às 18h25.
São Paulo - A maior queda de uma moeda no mundo está ameaçando os ganhos do Brasil no combate ao desmatamento da Amazônia, segundo um ecologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
A queda de 9,7 por cento do real nos últimos seis meses, para 2,3537 por dólar, o pior desempenho entre as 16 principais moedas monitoradas pela Bloomberg, significa que lucros maiores podem ser alcançados com a conversão da floresta em fazendas ou sítios para a exportação de commodities, disse Philip Fearnside, em entrevista concedida em 2 de dezembro, em seu escritório, em Manaus. Uma moeda mais fraca incha a receita para os exportadores, que vendem seus produtos em dólares.
Neste ano, o desmatamento da Amazônia aumentou em relação à sua maior baixa em 24 anos, segundo a Agência Especial Brasileira, que monitora os dados com fotografias de satélite. O real ganhou 55 por cento entre 2004 e 2011, o melhor desempenho entre as moedas principais, enquanto as taxas de juros em queda reforçaram o crescimento econômico.
“A maior parte da redução do desmatamento desde 2004 foi explicada pelos preços da soja e da carne bovina e deve-se à taxa de câmbio”, disse Fearnside, que possui um doutorado em ecologia pela Universidade de Michigan. “Se o exportador de soja teve despesas em reais e foi pago em dólares, ele recebeu metade do que antes devido ao fortalecimento do real. Agora, com o real a 2,30 por dólar, o negócio se tornou mais lucrativo do que quando o real estava a 1,50 por dólar”.
Os dados de satélite relativos aos 12 meses terminados em julho mostraram que desmatamento na região da Amazônia, que é do tamanho da Europa Ocidental, cresceu 28 por cento em relação ao ano anterior. O total de terras desmatadas atingiu 5.843 quilômetros quadrados, segundo dados da AEB publicados no mês passado.
Classificação de crédito
O real caiu neste ano em meio às previsões de crescimento reduzido e um corte, pela Standard Poor’s e pelo Moody’s Investors Service, da perspectiva em relação à classificação de investimento do país.
A Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse no mês passado que o aumento do desmatamento foi impulsionado pela derrubada ilegal de árvores nos estados do Pará e do Mato Grosso do Sul.
“O governo não aceitará nenhum aumento”, disse ela, em Brasília, em 14 de novembro, segundo um comunicado no site do ministério. “Não há a menor possibilidade de regularizar desmatamentos ilegais”.