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Energia cara prejudica irrigação e ajuda em queda de safras

Os altos custos de energia elétrica este ano já afetam a produção de diversas culturas que usam irrigação e deverão contribuir para redução na próxima colheita

Agricultura: cana-de-açúcar, arroz, soja, milho e feijão são as culturas que mais ocupam áreas irrigadas (Arquivo/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2015 às 18h12.

São Paulo - Os altos custos de energia elétrica no Brasil este ano já afetam a produção de diversas culturas agrícolas que utilizam irrigação e deverão contribuir para uma redução na próxima colheita de arroz e feijão, disseram especialistas.

A área irrigada no Brasil é de 5,8 milhões de hectares, equivalente a 8 por cento de toda a área plantada no país, segundo dados a Agência Nacional de Águas e do IBGE .

Cana-de-açúcar, arroz, soja, milho e feijão são as culturas que mais ocupam áreas irrigadas, mas o sistema também é usado para produção de frutas, café e hortaliças, por exemplo.

"A energia vem sendo o principal vilão do custo de produção", disse à Reuters o presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Henrique Dornelles.

Os gaúchos produziram na safra passada 8,6 milhões de toneladas de arroz, ou cerca de 70 por cento do total produzido no país.

"Para a safra que foi colhida no primeiro semestre, dependendo da região, aumentaram em mais de 100 por cento os custos", disse ele, lembrando que toda as lavouras de arroz do Estado são irrigadas, fazendo uso intensivo de bombas hidráulicas.

Segundo Dornelles, o aumento de custos, somado a preços ruins na venda do produto e incertezas sobre o clima, poderá levar a uma redução de pelo menos 5 por cento na área plantada com o cereal no Estado em 2015/16, que acontece nos últimos meses do ano.

Após dois anos de intensa seca no Brasil, que prejudicou a geração nas hidrelétricas e obrigou o acionamento de todas as usinas térmicas, que têm custo de produção mais elevado, a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou um reajuste médio de 23,4 por cento para as tarifas de eletricidade a partir de março.

A alta somou-se, ainda, aos reajustes anuais das tarifas de cada distribuidora, o que fez o Banco Central estimar elevação de 41 por cento nos preços da energia elétrica no país em 2015.

FEIJÃO

Os custos de produção, além de condições de comercialização, também estão contribuindo para uma redução na estimativa da área de plantio da terceira safra de feijão do Brasil, que é cultivada durante o seco inverno do Centro-Oeste/Sudeste e depende amplamente de irrigação.

O plantio da terceira safra ficou concentrado nos meses de abril e maio --já sob os efeitos da energia mais cara--, com colheita prevista para agosto e setembro. Em 2015, a área deverá cair 11,1 por cento e a produção 8,2 por cento, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

"No feijão, deveremos ter uma entressafra mais longa... Pode haver um vazio de oferta entre outubro e dezembro", disse Carlos Cogo, que dirige uma empresa de consultoria agroeconômica.

O aperto nos custos de operação das lavouras também foi sentido pela Valmont, principal empresa de pivôs centrais de irrigação no país.

"Temos relatos de clientes que usam nossos produtos e sofreram aumento de 50 a 60 por cento no custo. O usuário de pivô central já é um usuário comedido. Ele é um sujeito que faz conta", disse o direto-presidente da companhia, João Rebequi.

No cinturão citrícola de São Paulo, 25 por cento dos pomares contam com irrigação, principalmente com a tecnologia de gotejamento, que é acionado em momentos de estresse hídrico.

"A energia elétrica no campo aumentou 100 por cento em um ano. A gente reza para chover. Se a gente irrigar a metade do que irrigou o ano passado, vai custar a mesma coisa", contou o produtor de laranjas Roberto Jank, que cultiva 600 hectares no município de Descalvado (SP).

Segundo ele, a atual safra da fazenda --cuja colheita começou em junho e terminará em dezembro-- poderá ter uma quebra de até 10 por cento na produção, já que na maioria dos momentos o custo de ligar as bombas de irrigação não compensa o ganho de produtividade.

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A área irrigada no Brasil é de 5,8 milhões de hectares, equivalente a 8 por cento de toda a área plantada no país, segundo dados a Agência Nacional de Águas e do IBGE .

Cana-de-açúcar, arroz, soja, milho e feijão são as culturas que mais ocupam áreas irrigadas, mas o sistema também é usado para produção de frutas, café e hortaliças, por exemplo.

"A energia vem sendo o principal vilão do custo de produção", disse à Reuters o presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Henrique Dornelles.

Os gaúchos produziram na safra passada 8,6 milhões de toneladas de arroz, ou cerca de 70 por cento do total produzido no país.

"Para a safra que foi colhida no primeiro semestre, dependendo da região, aumentaram em mais de 100 por cento os custos", disse ele, lembrando que toda as lavouras de arroz do Estado são irrigadas, fazendo uso intensivo de bombas hidráulicas.

Segundo Dornelles, o aumento de custos, somado a preços ruins na venda do produto e incertezas sobre o clima, poderá levar a uma redução de pelo menos 5 por cento na área plantada com o cereal no Estado em 2015/16, que acontece nos últimos meses do ano.

Após dois anos de intensa seca no Brasil, que prejudicou a geração nas hidrelétricas e obrigou o acionamento de todas as usinas térmicas, que têm custo de produção mais elevado, a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou um reajuste médio de 23,4 por cento para as tarifas de eletricidade a partir de março.

A alta somou-se, ainda, aos reajustes anuais das tarifas de cada distribuidora, o que fez o Banco Central estimar elevação de 41 por cento nos preços da energia elétrica no país em 2015.

FEIJÃO

Os custos de produção, além de condições de comercialização, também estão contribuindo para uma redução na estimativa da área de plantio da terceira safra de feijão do Brasil, que é cultivada durante o seco inverno do Centro-Oeste/Sudeste e depende amplamente de irrigação.

O plantio da terceira safra ficou concentrado nos meses de abril e maio --já sob os efeitos da energia mais cara--, com colheita prevista para agosto e setembro. Em 2015, a área deverá cair 11,1 por cento e a produção 8,2 por cento, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

"No feijão, deveremos ter uma entressafra mais longa... Pode haver um vazio de oferta entre outubro e dezembro", disse Carlos Cogo, que dirige uma empresa de consultoria agroeconômica.

O aperto nos custos de operação das lavouras também foi sentido pela Valmont, principal empresa de pivôs centrais de irrigação no país.

"Temos relatos de clientes que usam nossos produtos e sofreram aumento de 50 a 60 por cento no custo. O usuário de pivô central já é um usuário comedido. Ele é um sujeito que faz conta", disse o direto-presidente da companhia, João Rebequi.

No cinturão citrícola de São Paulo, 25 por cento dos pomares contam com irrigação, principalmente com a tecnologia de gotejamento, que é acionado em momentos de estresse hídrico.

"A energia elétrica no campo aumentou 100 por cento em um ano. A gente reza para chover. Se a gente irrigar a metade do que irrigou o ano passado, vai custar a mesma coisa", contou o produtor de laranjas Roberto Jank, que cultiva 600 hectares no município de Descalvado (SP).

Segundo ele, a atual safra da fazenda --cuja colheita começou em junho e terminará em dezembro-- poderá ter uma quebra de até 10 por cento na produção, já que na maioria dos momentos o custo de ligar as bombas de irrigação não compensa o ganho de produtividade.

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