Vendas em dezembro devem subir 9% sobre o mesmo período de 2011, afirmou o Instituto para Desenvolvimento do Varejo, a despeito da cautela do consumidor (Alexandre Battibugli/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2012 às 18h47.
São Paulo - Período mais importante para o varejo brasileiro, o Natal deve ser morno em vendas este ano, em meio a um cenário de maior cautela dos consumidores, que estão contendo gastos e priorizando a liquidação de dívidas.
Após sofrer desaceleração generalizada na primeira metade do ano, o consumo recuperou fôlego no segundo semestre, impulsionado por medidas de incentivo adotadas pelo governo, como menores juros e maior oferta de crédito.
Tal recuperação, contudo, tem sido limitada pela combinação de endividamento das famílias, inadimplência em patamares elevados e uma boa dose de cautela. Segundo a Serasa, a inadimplência do consumidor cresceu mais de 15 por cento nos primeiros 10 meses do ano em relação ao mesmo período de 2011.
"Os níveis de endividamento e de comprometimento de renda do consumidor continuam em patamares elevados, o que sinaliza que a capacidade das famílias de assumir novos financiamentos permanece limitada. A inadimplência das famílias estacionou em patamar elevado", assinalou a equipe da consultoria LCA.
Segundo o indicador de atividade do comércio da Serasa Experian, o movimento dos consumidores nas lojas do país caiu 2 por cento em novembro ante outubro, com ajustes sazonais.
Uma pesquisa feita em novembro pela consultoria Deloitte sobre expectativas para o Natal apontou que os consumidores do país se consideram em melhor situação financeira do que em 2011, mas mesmo assim serão mais prudentes nas compras de final de ano.
Metade dos 750 respondentes querem gastar menos em presentes neste final de ano e o valor médio por compra de "lembrancinhas" deve ficar entre 10 e 30 reais. Em 2011, a pesquisa mostrou que os consumidores pretendiam gastar entre 50 a 99 reais, na média.
"Para parte dos brasileiros (39 por cento), especialmente os das classes C, D e E, o 13o salário servirá para quitar dívidas e outros 25 por cento querem aproveitar o dinheiro para economizar, sobretudo as classes A e B", afirmou a Deloitte no levantamento.
Ainda de acordo com a pesquisa da Deloitte, o valor médio a ser gasto este ano deve ser de 56,5 reais, ante gasto de 83,8 reais em 2011.
Além da maior preocupação com poupar e pagar dívidas, o consumidor está mais atento aos preços. Segundo o estudo, 55 por cento das pessoas pesquisarão mais antes de comprar.
"Em contradição ao tradicional imediatismo do brasileiro, os consumidores pesquisarão mais, com o objetivo de encontrar o menor preço, mesmo estando mais seguros em relação ao emprego e com a situação financeira um pouco melhor", disse o sócio-líder do setor varejista da Deloitte, Reynaldo Saad. "Este é um sinal de amadurecimento com os gastos, pensando mais no longo prazo".
Um levantamento da Fundação Procon-SP no setor de eletrodomésticos detectou, por exemplo, diferença de preço de 60,1 por cento para um mesmo produto em estabelecimentos comerciais da capital paulista.
Apesar da cautela do consumidor, associações que representam os varejistas estão otimistas, e esperam aceleração das vendas. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) projeta alta de 9 por cento nas vendas em dezembro sobre um ano antes.
"Continuamos com a expectativa de que o varejo registre taxa de crescimento superior à do ano passado", afirmou o presidente do IDV, Fernando de Castro, citando a confiança do consumidor e o bom índice de geração de empregos.
Em dezembro do ano passado, as vendas no varejo brasileiro tiveram alta de 6,7 por cento em relação a igual mês de 2010.
A associação que representa os supermercadistas no país, a Abras, também mantém a previsão de resultados melhores que os vistos em 2011, com estimativa de aumento de cerca de 5 por cento nas vendas para o fechado de 2012. Em 2011, o setor apurou alta de 3,71 por cento nas vendas.
Por outro lado, a Abras projeta que as vendas de produtos típicos de Natal cresçam menos em relação a 2011, com forte desaceleração de vendas de itens importados, como consequência do dólar valorizado.
VESTUÁRIO E ACESSÓRIOS LIDERAM
Num contexto em que o consumidor pretende gastar menos com presentes este ano, o segmento de vestuário e acessórios deve liderar as vendas de fim de ano.
O estudo da Deloitte confirmou que os itens de vestuário serão os mais comprados no período, sendo apontados por 80 por cento dos consumidores, seguidos por sapatos (49 por cento) e cosméticos, perfumes e cuidados pessoais (46 por cento).
O segmento de moda e acessórios também deve liderar as vendas no comércio eletrônico no Natal, de acordo com a eCRM123, que gerencia relações entre empresas e consumidores nas mídias sociais. O setor pode responder por até 34 por cento das vendas online. No final de 2011, o setor ocupou o terceiro lugar.
Segundo dados da e-bit, empresa especializada em informações de comércio eletrônico, a categoria pode fechar 2012 com até 5 bilhões de reais em vendas, sendo que deste total, apenas 1,1 bilhão de reais foram vendidos no primeiro semestre.
A pesquisa da Deloitte mostrou que 70 por cento dos consumidores utilizarão a Internet para realizar parte das compras de Natal.
No fim de novembro, a terceira edição da Black Friday no Brasil foi marcada por apagões em alguns sites participantes, em meio ao grande volume de acessos simultâneos, num momento em que o comércio eletrônico é alvo de maior fiscalização para evitar, principalmente, problemas com prazo de entrega.