Economia

Empresas devem agir frente às mudanças do clima, diz autor

Segundo o economista indiano Pavan Sukhdev, corporações determinam a forma de fazer política, já que as principais ações dos políticos dependem delas

Fábrica poluente: relação entre empresas e uso de recursos está na raiz do problema (Martin Fisch/Creative Commons/Flickr)

Fábrica poluente: relação entre empresas e uso de recursos está na raiz do problema (Martin Fisch/Creative Commons/Flickr)

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Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2014 às 16h39.

São Paulo - O último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) deixou claro: as mudanças climáticas já estão acontecendo, em todos os lugares do mundo.

Apesar dessa conclusão, o setor privado ainda não assumiu sua responsabilidade de impulsionador da mudança do clima. É urgente reconhecer isso e ter atitude para reverter a situação.

A afirmação é do economista indiano Pavan Sukhdev, autor do livro Corporação 2020: como transformar as empresas para o mundo de amanhã, lançado em português pelo Planeta Sustentável.

Sukhdev foi o terceiro palestrante da série de debates Mudanças Climáticas: Rumo a um novo Acordo Global, promovido pelo Instituto CPFL Cultura, em parceria com o Planeta Sustentável e o GT de Clima do Pacto Global, sob curadoria do engenheiro florestal Tasso de Azevedo, que também é conselheiro do Planeta e curador do Blog do Clima.

De acordo com Sukhdev, a relação entre empresas e o uso responsável dos recursos naturais está na raiz do problema.

Não são tributados os minérios usados e outras atividades poluidoras, mas os bens e o custo da mão-de-obra.

Segundo o economista, o cálculo das externalidades é um passo para reconhecer as responsabilidades, além de ser benéfico para funcionários e a população, não apenas para os acionistas.

Temos que desafiar a definição de corporação de hoje. Não concordo com a doutrina de que a única responsabilidade do setor privado é o lucro, afirmou.

Segundo o economista, as corporações determinam a forma de fazer política, já que as principais ações dos políticos – como geração de emprego, crescimento econômico e financiamento de campanhas – dependem delas.

Os políticos não são mais líderes; são seguidores. Os presidentes das empresas são os líderes. Eles devem dar o exemplo, defendeu. Por isso, concluiu, CEOs devem ter pulso firme para pedir mudanças, por exemplo, subsídios para energia limpa.

Outro ponto destacado por Sukhdev para o agravamento das mudanças climáticas foi o estímulo à obsolescência dos produtos.

Segundo ele, a ética da propaganda deve ser questionada e as agências devem ser responsabilizadas pelo estímulo ao consumo de novos bens. Nosso propósito deveria ser criação de valor, não de volume, disse.

Sukhdev percebe hoje poucas empresas que são bons exemplos de liderança frente às mudanças do clima.

Porém, elas não têm outras corporações seguidoras. Para ele, essa lacuna precisa ser preenchida por regulamentações impostas pelo Estado.

Empresas são como animais. Elas evoluem conforme qualquer espécie. As instituições políticas têm que mudar para as corporações evoluírem, concluiu.

Nos vídeos abaixo, assista à palestra completa em inglês…

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… ou português:

//www.youtube.com/embed/82OmAKl6938?feature=player_embedded

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