Economia

Empresas de varejo devem mostrar números de 4º tri ainda fracos

A atividade do comércio no país segue afetada por um ambiente de juros elevados e desemprego, com o Brasil ainda em recessão

Varejo: a empresa de informações de crédito Serasa Experian divulgou na semana passada queda de 6,6% no setor em 2016 (Thinkstock/Thinkstock)

Varejo: a empresa de informações de crédito Serasa Experian divulgou na semana passada queda de 6,6% no setor em 2016 (Thinkstock/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 16 de janeiro de 2017 às 17h51.

São Paulo - A safra de balanços do quarto trimestre de 2016 deve mostrar uma fotografia mista para o varejo brasileiro e bens de consumo no que diz respeito a vendas, com o quadro fraco da economia ainda pressionando boa parte das empresas, embora algumas devem ser exceções.

A atividade do comércio no país segue afetada por um ambiente de juros elevados e desemprego, com o Brasil ainda em recessão.

A empresa de informações de crédito Serasa Experian divulgou na semana passada queda de 6,6 por cento no setor em 2016, o pior resultado desde os anos 2000.

"Ao passo que os dados macroeconômicos ainda não mostram sinais de uma recuperação significativa no curto prazo, avaliamos que os varejistas também devem apresentar números pouco interessantes no quarto trimestre", disse o BTG Pactual.

Os analistas do BTG, contudo, preveem uma melhora sequencial no resultado financeiro das empresas no quarto trimestre.

A previsão de analistas é de que a temporada de divulgação de balanços do setor, considerando as companhias sob cobertura deles, comece com os números da Lojas Renner, em 9 de fevereiro.

As companhias de varejo de vestuário permanecem, na visão de analistas, como um dos segmento mais sensíveis, com expectativas de queda ou variações marginais no comportamento das vendas, com algumas sendo ajudadas pelo seu resultado financeiro.

Números do IBGE endossam a expectativa negativa, com as vendas no setor de tecidos, vestuário e calçados tendo recuado dois dígitos no acumulado do ano até novembro, enquanto o comércio varejista como um todo teve contração de 6,4 por cento.

Para a equipe do BTG Pactual, Cia Hering e Marisa Lojas devem vir com resultados negativos em vendas, em linha com o terceiro trimestre.

No caso de Lojas Renner, o BTG espera crescimento levemente positivo nas vendas mesmas lojas, mas cita que o destaque deve ser o desempenho mais forte no segmento de crédito ao consumo.

Uma das exceções pode ser a Arezzo, que analistas do Santander Brasil acreditam que apresentará expansão saudável de vendas, com o resultado das mesmas lojas subindo redor de 6 a 7 por cento, além de bom desempenho das vendas online.

Para o segmento de móveis e eletrodomésticos, que acumula queda de 13 por cento nas vendas em 2016 até novembro, os analistas aguardam novo resultado sólido para Magazine Luiza, enquanto Via Varejo ainda patina.

O Magazine Luiza terá forte crescimento no comércio eletrônico e desempenho positivo no varejo físico, avalia o BTG. Para o Santander Brasil, as vendas da rede devem aumentar um dígito alto, com margem Ebitda de aproximadamente 7,5 por cento.

O Bradesco BBI recentemente retomou a cobertura de Magazine Luiza com recomendação de "outperform" e preço-alvo de 140 reais (106 por cento acima da cotação de fechamento da sexta-feira), citando que a empresa tem a melhor execução e estratégia.

Na semana passada, a Via Varejo divulgou queda de 0,7 por cento na receita total líquida do quarto trimestre ante um ano antes, já considerando impacto positivo de reconhecimento de impostos retroativos referentes à Lei do Bem. Excluindo esse efeito, a receita do trimestre passado teve queda de 6,5 por cento.

Para a B2W, companhia de comércio eletrônico controlada pela Lojas Americanas, analistas do Brasil Plural esperam forte crescimento de dois dígitos no volume total de vendas (GMV). No caso de Lojas Americanas, os analistas do Santander Brasil estimam aumento de 9 por cento na receita líquida no quarto trimestre.

Para o GPA, que também reportou dados de vendas na semana passada, com alta anual de 12,1 por cento na receita líquida total da divisão alimentar no quarto trimestre, a preocupação é que a melhora nessa linha do balanço possa ter afetado margens uma vez que a empresa prometeu ser agressiva em preços no final do ano passado.

Outra companhia que deve trazer novamente resultado fraco é fabricante de cosméticos Natura, com a dinâmica de vendas ainda desafiadora, embora analistas não descartem alguma melhora anual nas vendas do quarto trimestre sobre o desempenho do terceiro trimestre ante o mesmo período de 2015.

O Itaú BBA escreveu que vê as ações da Natura ainda sob pressão nos próximos meses, avaliando que os problemas são de certa forma estruturais e que as iniciativas da empresa para resolver a fraqueza nas vendas não têm funcionado até o momento.

A rede de varejo farmacêutico Raia Drogasil, por sua vez, figura no grupo dos destaques positivos do varejo do BTG Pactual, que ainda inclui a CVC, operadora de turismo do país, e Hypermarcas, empresa de produtos farmacêuticos.

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