Economia

Empresários estão otimistas com Brasil, revela pesquisa

Levantamento da AmCham durante CFO Fórum 2012 mostra que empresariado não acredita que o impacto da crise mundial tirará oportunidades do país

55,2% do empresariado afirmou acreditar que as empresas nacionais serão pouco impactadas pela crise (Ales Cerin/SXC)

55,2% do empresariado afirmou acreditar que as empresas nacionais serão pouco impactadas pela crise (Ales Cerin/SXC)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2012 às 23h05.

São Paulo - Os empresários estrangeiros no Brasil estão relativamente otimistas em relação aos impactos que a crise externa poderá ter no país, segundo revelou uma pesquisa com cerca de 180 empresários realizada pela Câmara Americana de Comércio (AmCham) durante o evento CFO Fórum 2012, que ocorreu na manhã desta quinta-feira.

Os participantes do evento – dentre os quais executivos de empresas como Canon, Johnson & Johnson, Avon e Google – responderam perguntas sobre a conjuntura econômica brasileira e global em uma pesquisa em tempo real, durante o Fórum. No tocante aos impactos das movimentações que vêm ocorrendo no cenário externo, 55,2% do empresariado afirmou acreditar que as empresas nacionais serão pouco impactadas, enquanto 27,9% acredita que o impacto será considerável. Os 16,9% restantes acham que suas empresas não serão impactadas.

O otimismo reflete-se na expectativa do setor por resultados robustos neste ano. No total, 52,8% dos que responderam a pesquisa disseram que suas companhias deverão ter aumento de vendas acima de 10% em 2012, na comparação com 2011. Outros 22,2% acreditam que o crescimento ficará entre 0,1% e 10%, enquanto 5,6% esperam vendas estáveis para o período. Contudo, 19,4% acreditam que as vendas vão recuar este ano.

Economia global – Durante os debates ocorridos no evento, o empresários discutiram o crescimento da economia brasileira e a relação de dependência entre o avanço do PIB doméstico, o aumento do preço das commodities e o papel da China nessa dinâmica – que atua como o principal motor dos mercados emergentes.


Para Maurício Molan, economista-chefe do Santander, o cenário observado atualmente é um problema estrutural proveniente ainda da crise de 2007. "Vivemos um período de bonança muito longo nas décadas de 90 e na última década. Com isso, os países sentiram-se confortáveis para consumir de maneira forte e se endividar, mas esse ritmo não se mostrou sustentável", avalia.

Ajuste – Na avaliação do economista, a bonança terá de passar por uma fase de ajuste, pois, com governos assumindo parte das dívidas dos países, o problema do endividamento soberano se evidencia, haja vista o que ocorre na Europa. Tal cenário exige medidas austeras de ajuste fiscal que nem sempre estão alinhadas com estratégias de estímulo ao crescimento. O principal efeito disso para o Brasil, segundo Molan, é a queda da demanda por produtos brasileiros no mercado internacional.

Os preços das commodities, cujo crescimento anual tem sido, em média, de 10% nos últimos anos, vão se deparar com um período de queda – o que causará impactos no médio prazo para o país, aposta o economista do Santander. "O crescimento médio de 4,3% da economia brasileira que observamos entre 2003 e 2011 provavelmente não acontecerá na próxima década. Ele deve ficar entre 3% e 3,5%", conclui Molan.

Câmbio e juros – Os empresários também foram questionados acerca da expectativa em relação a taxa de câmbio. A maioria acredita que a moeda americana deva ficar entre 1,80 real e 2 reais (51,1%) ou entre 2 reais e 2,20 reais (47%).

Diante da recente trajetória de redução da taxa básica de juros (Selic), 75% das empresas afirmaram que essa desvalorização cambial não vai impactar seus investimentos. Os empresários também debateram as necessidades de investimentos estruturais de longo prazo no lugar de o governo realizar apenas medidas paliativas de incentivo ao consumo.

Luis Afonso Lima, economista-chefe da Telefonica, defendeu que este é um bom momento para oferecer oportunidades e boas condições de investimentos para empresas estrangeiras, pois a poupança externa – que se traduz em investimento direto de empresas estrangeiras – pode ser uma boa alternativa ao financiamento do Brasil. "Para nossa surpresa positiva, o investimento direto estrangeiro vem aumentando nos últimos anos apesar da dificuldade do mercado brasileiro. No ano passado, o Brasil foi o quarto maior destino de investimentos de empresas estrangeiras", afirmou.

Segundo Lima, atualmente há 13.600 empresas estrangeiras instaladas no país – e a Espanha é o segundo grupo mais numeroso nesse universo. "A conclusão é que a taxa de juros no investimento de longo prazo tem impacto muito pequeno. Se o crescimento for sustentável, o Brasil poderá até se beneficiar com essa crise externa. Existe aqui um consumo estável, algo que não está acontecendo lá fora", avalia.

Já Molan acredita que o cenário de investimentos poderia ser muito melhor e que a baixa produtividade prejudica a competitividade dos produtos brasileiros. "Gerar consumo não é difícil. O difícil é gerar mudanças que possam melhorar nossa capacidade de investimento", afirma.

Acompanhe tudo sobre:ConfiançaEmpresários

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE