Economia

Revidando Trump, China impõe tarifas sobre US$ 3 bi em produtos dos EUA

A decisão chinesa será aplicada a mais de 120 produtos americanos e afeta áreas como frutas, carne de porco e resíduos de alumínio

Conflito: as medidas foram reveladas após várias semanas de tensões bilaterais (Damir Sagolj/Reuters)

Conflito: as medidas foram reveladas após várias semanas de tensões bilaterais (Damir Sagolj/Reuters)

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AFP

Publicado em 2 de abril de 2018 às 08h06.

Última atualização em 2 de abril de 2018 às 10h42.

A China cumpriu a ameaça e anunciou nesta segunda-feira novas tarifas sobre 128 produtos americanos no valor de três bilhões de dólares, em resposta às taxas estabelecidas pelo presidente americano Donald Trump sobre as importações de aço e alumínio.

A decisão chinesa, adotada pela comissão governamental responsável pelos direitos alfandegários, afeta diversos produtos, como frutas, carne de porco e resíduos de alumínio.

As medidas foram reveladas após várias semanas de tensões bilaterais, que alimentam os temores de um conflito comercial aberto entre os dois gigantes mundiais.

Donald Trump anunciou em 22 de março que seu governo adotaria novas tarifas sobre uma série de produtos chineses no valor de 60 bilhões de dólares.

As tarifas para a importação de aço (25%) e alumínio (10%) foram decididas em nome da "segurança nacional", argumento que o ministério chinês do Comércio chamou de "abuso" das normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Diante das críticas internacionais à medida de Trump, vários países - da União Europeia, México e Brasil, entre outros - ficaram isentos da nova medida, ma não a China.

Pequim respondeu de modo imediato à medida e anunciou a intenção de aplicar tarifas de 15% e 25% sobre uma lista de 128 produtos dos Estados Unidos, caso um acordo com Washington não fosse alcançado.

"Esperamos que os Estados Unidos abandonem o mais rápido possível as medidas que violam as normas da OMC para a retomada normal do comércio sino-americano", afirmou o ministério chinês do Comércio.

"A cooperação entre China e Estados Unidos, as duas maiores economias mundiais, é a única opção possível", completou a pasta.

Trump sempre menciona o colossal déficit comercial dos Estados Unidos com a China, de 375,2 bilhões de dólares em 2017, para justificar as medidas protecionistas.

O presidente americano também acusa Pequim de beneficiar-se do sistema fiscal para as empresas estrangeiras que se instalam na China para roubar as inovações tecnológicas americanas.

A China, em resposta, afirma que os Estados Unidos devem acabar com a "intimidação econômica", mas até o momento evitara atacar produtos agrícolas importantes, como a soja, ou empresas industriais de grande peso, como a Boeing, setores que podem ser afetados agora pelas novas tarifas, afirma o jornal oficial Global Times.

Na semana passada, o jornal nacionalista afirmou em um editorial que a China "praticamente havia concluído a lista de tarifas de represália sobre produtos americanos".

"A lista afetará importações importantes chinesas procedentes dos Estados Unidos", revelou o jornal.

"Esta decisão será um duro golpe para Washington, que agita de maneira agressiva a guerra comercial. Os Estados Unidos vão pagar um preço elevado por sua política comercial radical em relação a China", afirmou o Global Times.

Apesar da retórica, o secretário americano do Comércio, Wilbur Ross, disse na quinta-feira que as novas sanções americanas eram o "prelúdio de uma série de negociações".

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